O dólar abriu a semana em baixa firme no mercado doméstico de câmbio, interrompendo uma sequência de dois pregões de alta. Segundo operadores, na ausência de dados econômicos relevantes, investidores aproveitaram o enfraquecimento da moeda norte-americana no exterior e a alta do minério de ferro para realizar lucros, dada a valorização de 1% do dólar na semana passada.
Houve também relatos de entrada de recursos tanto via comércio, para aproveitar os níveis mais elevados da taxa de câmbio, quanto para a bolsa doméstica.
Afora uma alta pontual e bem limitada na abertura dos negócios, quando registrou a máxima do dia, a R$ 5,0753, o dólar operou o restante da sessão em terreno negativo.
Com mínima a R$ 5,0258 no início da tarde, a moeda fechou a segunda-feira em baixa de 0,68%, cotada a R$ 5,0312. Com isso, os ganhos acumulados nos seis primeiros pregões de abril passaram a ser de 0,32%. No ano, a divisa avança 3,66%.
"O comportamento do câmbio hoje está mais ligado a um movimento de correção, já que houve bastante pressão na semana passada. A bolsa está em alta, o que pode refletir ingresso de fluxo externo e ajudar o real", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Ouribank.
Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, em especial o euro - operou em queda ao longo do dia, mas ainda acima da linha dos 104,000 pontos. Apesar da alta das taxas dos Treasuries, a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities se valorizou. O real, que havia apanhado mais que seus pares na semana passada, nesta segunda liderou os ganhos entre as divisas latino-americanas, pouco à frente do peso mexicano.
Entre as commodities, as cotações do petróleo experimentaram um refresco após a escalada dos últimos dias. O contrato do Brent para junho fechou em baixa de 0,87%, a US$ 909,38 o barril. Na bolsa de Dailan, o contrato do minério de ferro para setembro, o mais negociado, subiu de 3,19% diante da expectativa de estímulos ao setor imobiliário na China.
Após as declarações mais duras de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ao longo da semana passada e do resultado doa cima do esperado do payroll de março, as atenções se voltam à divulgação, na quarta-feira, 10, do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA referente a março.
Monitoramento do CME Group já mostrava desde sexta-feira que a aposta majoritária para início de corte de juros pelo Federal Reserve havia sido deslocado de junho para julho. Na quarta-feira, também é divulgado o IPCA de março.
"Hoje está mais calmo depois do impacto do payroll na sexta, e o mercado devolve um pouco da alta do dólar. Vejo isso como um movimento pontual. A pressão deve continuar, ainda mais se a inflação dos Estados Unidos vier ruim", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, acrescentando que o cenário interno instável e a falta de progresso na agenda econômica no Congresso também atrapalham o real.
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