O Ibovespa lutou contra a cautela externa desde cedo, mas do meio para o fim da tarde deixou de sustentar leve ganho na sessão, em paralelo à mudança de direção no dólar, que passou a subir - ao fim, alta de 0,28%, a R$ 5,6039. No ajuste de fechamento, porém, o índice quase mostrou estabilidade, ainda tendendo ao negativo nesta sexta-feira, aos 127.616,46 pontos (-0,03%), saindo de máxima a 128.360,05 e de abertura a 127.652,06 - na mínima, foi a 127.412,84 pontos. Em dia de vencimento de opções sobre ações, o giro ficou em R$ 22,0 bilhões.
Dividido entre três baixas e duas altas no intervalo - após longa sequência de recuperação iniciada em meados de junho e estendida à primeira quinzena de julho -, o Ibovespa acumulou perda de 0,99% na semana. Foi o primeiro revés semanal desde a encerrada em 14 de junho, quando havia cedido 0,91%. Desde então, foram quatro semanas de retomada até a interrupção colhida nesta sexta-feira.
Assim, o Ibovespa se afasta um pouco da linha de 129 mil, vista até anteontem, mas preserva boa parte da recuperação acumulada desde o fundo do vale, aos 119 mil, em meados do mês passado, quando operou nos menores níveis desde novembro de 2023. No ano, até esta sexta-feira, ainda acumula perda de 4,90% - em julho, sobe 2,99%.
Até o meio da tarde, o Ibovespa remava na contracorrente da cautela global que prevalecia desde a madrugada nos mercados, em meio ao que alguns observadores chegaram a descrever como o maior colapso cibernético global já visto: um apagão simultâneo que afetou de transportes aéreos a transações financeiras em diferentes partes do mundo, em função de falha na atualização de um dispositivo com efeito sobre o sistema da Microsoft.
Dessa forma, a cautela externa prevaleceu, deixando em segundo plano o anúncio - logo após o fechamento de ontem - da contenção de R$ 15 bilhões em gastos públicos para o cumprimento da meta prevista no arcabouço fiscal para este ano. "Apesar de o valor ter ficado abaixo do ideal, o contingenciamento e o bloqueio de recursos parecem favoráveis, no momento em que se tinha alguma desesperança em relação a esforços para se tentar cumprir com o arcabouço. Foi positivo, ainda que abaixo do necessário", diz Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital.
Contudo, o assunto do dia foi mesmo o apagão cibernético, que afastou o tom positivo que havia pela manhã após o congelamento de R$ 15 bilhões em despesas do governo, pondera Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital. "Estamos numa leve realização, tendo em vista que houve uma bela recuperação que reaproximou o Ibovespa dos 130 mil pontos, vindo de um nível abaixo dos 120 mil", acrescenta.
"O dólar 'positivou' à tarde e o Ibovespa veio junto, perdendo força na sessão. Mas, no quadro mais amplo, ainda há melhora da percepção sobre o fiscal, com o contingenciamento de despesas anunciado ontem pelo governo depois de todo estresse que se viu, com o mercado colocando pressão", diz Felipe Moura, analista da Finacap. "A Bolsa subiu por várias sessões, então é natural o ajuste. Mas a toada tende a se manter, no sentido de recuperação saudável."
No entanto, os agentes do mercado financeiro reforçaram a cautela na edição de hoje do Termômetro Broadcast Bolsa. O levantamento desta sexta-feira mostra os profissionais igualmente divididos entre queda (50%) e estabilidade (50%) para o Ibovespa na próxima semana. No Termômetro da última sexta-feira, 40% dos participantes esperavam que o índice tivesse alta no acumulado desta semana, enquanto outros 40% previam estabilidade e 20%, queda.
Em dia de forte retração do petróleo - próxima a 3% na sessão para a referência global, o Brent, que fechou a semana acumulando perda de 2,82% no intervalo -, as ações de Petrobras mostraram resiliência, com a ON em alta de 0,26% e a PN, de 0,42% no fechamento. A sessão foi de ajuste moderado também para a ação de maior peso no Ibovespa, Vale ON, que cedeu apenas 0,08% nesta sexta-feira, vindo de desempenhos já negativos nas sessões anteriores.
O encerramento foi misto para os grandes bancos, com Itaú PN em alta de 0,76% e Santander Unit, de 0,66%. Do outro lado, Bradesco ON e PN cederam, respectivamente, 0,35% e 0,56%, com a preferencial na mínima do dia no fechamento. Banco do Brasil ON também fechou em baixa, de 0,29%.
Na ponta ganhadora do Ibovespa na sessão, destaque para Dexco (+4,12%), Sabesp (+3,51%) e Ultrapar (+2,88%). No lado oposto, IRB (-4,49%), Cemig (-3,48%) e Isa Cteep (-3,12%).
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