O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, elogiou nesta quinta-feira, 27, em debate sobre juros no Senado, o trabalho e as medidas fiscais do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e da ministra do Planejamento, Simone Tebet, com quem disse que tem mantido contatos frequentes.
"Temos que reconhecer grande esforço do governo com real possibilidade de estabilizar dívida. Renúncias tributárias alocam recursos na economia de forma ineficiente. Reconheço esforços de Haddad e Tebet, temos conversado muito", disse Campos Neto, completando que o Congresso pode acelerar as medidas apresentadas pela equipe econômica.
O presidente do BC citou os esforços fiscais em meio à sua defesa do tripé macroeconômico, composto por meta de inflação e fiscal, além de câmbio flutuante. "É fundamental harmonia para que tripé macro funcione. Tentativas de reinventar roda não funcionaram, essa é a forma de trabalhar."
Relação entre reformas estruturais e juros
Campos Neto, afirmou ainda que a adoção de reformas estruturais na economia brasileira sempre geraram redução da taxa de juros no Brasil ao longo da história. Após elogiar o esforço dos ministros Haddad e Simone Tebet, nas medidas para estabilizar a dívida pública, ele voltou a lembrar que a adoção do teto de gastos no Brasil gerou uma forte queda dos juros futuros em 2016.
O presidente do BC ainda repetiu que não basta o movimento da taxa Selic, já que as condições de financiamento da economia dependem dos juros de longo prazo, determinados pelo mercado e influenciados pela credibilidade da política monetária. "A Selic por si não significa condições de liquidez, A Selic não faz economia crescer sozinha. A Selic é um farol, os movimentos precisam ter credibilidade. Toda vez que fizemos reformas estruturais a taxa de juros caiu. Com teto de gastos, taxa de juros caiu de 17% para 10%."
Campos Neto também disse que não se deve confundir as causas e os efeitos na avaliação sobre os juros altos e que, no Brasil, a causa é a dívida pública elevada. "Os juros são altos porque a dívida é alta, e não o contrário. O Brasil tem dívida alta por qualquer critério em relação ao mundo emergente."
No debate, o presidente do BC ainda aproveitou para defender o trabalho técnico da autarquia e a autonomia da instituição, cujo trabalho vai continuar depois que ele deixar o cargo, no fim de 2024. "Daqui a 2 anos não estarei mais na cadeira, mas BC continuará com autonomia. Integridade técnica do trabalho feito pelo BC precisa ser respeitada", disse, em meio às críticas do governo.
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