O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 27, em queda de 0,85%, cotado a R$ 5,2065 (mínima do dia), alinhado ao sinal predominante de baixa da moeda americana no exterior frente a divisas fortes e emergentes, incluindo pares do real como peso mexicano e chileno. Operadores notaram entrada fluxo externo pontual para ações locais e desmonte parcial de posições defensivas no mercado futuro. Foi a menor cotação de fechamento desde 9 de março.
Apesar recuar pela segunda sessão seguida, o dólar se sustenta acima de R$ 5,20, nível em que parece encontrar uma forte resistência. Hoje, a divisa oscilou cerca de cinco centavos entre mínima (R$ 5,2065) e máxima a R$ (5,2503). A liquidez foi reduzida, com o contrato futuro para abril movimentando ao redor de US$ 10 bilhões, o que sugere pouco apetite para apostas mais contundentes.
O dia foi marcado por recuperação de ativos de risco após o First Citizens anunciar compra de partes dos ativos do Silicon Valley Bank (SVB), cuja quebra foi o estopim para a onda de desconfiança sobre o setor financeiro americano há duas semanas. Ao ambiente externo mais ameno somou-se a expectativa de que o anúncio do novo arcabouço fiscal possa ser antecipado, dado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quadro de pneumonia leve, cancelou viagem presidencial à China, da qual o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, faria parte.
"O cancelamento da ida de Lula à China deixou uma esperança de que possamos ter o arcabouço fiscal nesta semana, o que tirou um pouco de pressão do dólar e animou a Bolsa", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. "Mas não dá para falar ainda em uma tendência de baixa do dólar aqui. Essa queda de braço entre governo e Banco Central ainda assusta os estrangeiros. O que ajudou o Brasil hoje foi commodities."
É grande a expectativa pela divulgação, amanhã, da ata do encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada, quando a taxa Selic foi mantida em 13,75% em um comunicado duro - o que levou a nova rodada de críticas do presidente Lula e seu governo à gestão da política monetária. Em evento da Arko Advice hoje, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que o comunicado saiu "no tom errado" e que o Copom "esticou a corda" na tentativa de ressaltar a autonomia do BC.
Presente no mesmo evento que Tebet, o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, disse que "o nível de consenso que já existe dentro do governo é muito elevado" sobre o arcabouço fiscal e que a proposta foi bem recebida pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), a quem classificou de grandes parceiros. Segundo Galípolo, a permanência de Haddad no Brasil ajuda a equipe econômica no processo de realização dos últimos ajustes no texto. "Então, eu estou muito otimista quanto a ele arcabouço fiscal, mas a decisão de quando ele deve vir à luz do Sol é uma decisão que só o presidente da República vai poder avançar", disse.
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