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Dólar tem queda moderada com Treasuries apesar de ruído fiscal doméstico

O dólar apresentou queda moderada na sessão desta terça-feira, 16, mas se sustentou acima da linha de R$ 5,40. O real se beneficiou hoje do recuo firme das taxas dos Treasuries, na esteira da consolidação das apostas em corte de juros pelo Federal Reserve

Antonio Perez (via Agência Estado)

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Escrito por Antonio Perez (via Agência Estado)
Publicado em 16.07.2024, 17:54:00 Editado em 16.07.2024, 17:58:49
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O dólar apresentou queda moderada na sessão desta terça-feira, 16, mas se sustentou acima da linha de R$ 5,40. O real se beneficiou hoje do recuo firme das taxas dos Treasuries, na esteira da consolidação das apostas em corte de juros pelo Federal Reserve a partir de setembro, e da valorização de divisas emergentes pares, como o peso mexicano e o rand sul-africano.

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Operadores afirmam que a cautela com a condução das contas públicas impede uma queda mais pronunciada da moeda americana. Não por acaso, o dólar operou pontualmente em terreno positivo no início da tarde, superando o nível de R$ 5,46, em meio à divulgação de declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à TV Record, colocando em dúvida a necessidade de corte de gastos.

Com mínima a R$ 5,4063 e máxima a R$ 5,4630, o dólar à vista encerrou em baixa de 0,28%, cotado a R$ 5,4294. Na semana, a moeda está praticamente estável (-0,03%). No mês, apresenta queda de 2,84%. Apesar de apreciação consistente em julho, o real ainda tem desempenho inferior a de seus principais pares entre divisas emergentes, como os pesos mexicano, chileno e colombiano. Analistas afirmam que o quadro fiscal doméstico limita o fôlego da moeda brasileira.

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Investidores trabalham na expectativa em torno da magnitude do bloqueio ou contingenciamento que será divulgado no relatório bimestral de receitas e despesas no próximo dia 22. Há ainda dúvidas sobre o acordo entre governo e Senado em relação às medidas de compensação da desoneração da folha de pagamentos. Com o mercado de câmbio já fechado, saiu a notícia de que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), vai pedir ao Supremo Tribunal Federal que a desoneração seja prorrogada até 30 de agosto.

Segundo trechos da entrevista que será exibida hoje à noite pela TV Record divulgados preliminarmente pelo portal R7, o presidente Lula disse que ainda precisa ser convencido de que é preciso cortar gastos e que não há problema em déficit ser zero, 0,1% ou 0,2% do PIB, "Você não é obrigado a estabelecer uma meta e cumpri-la se você tiver coisas mais importantes para fazer", disse Lula, ponderando que a meta fiscal não foi descartada.

"Foi uma fala dentro do padrão Lula, de que não vai cortar dos pobres para cumprir a meta. Mas ele também disse que tem compromisso com o arcabouço. O mercado vai aguardar o relatório bimestral no dia 22 para ver exatamente qual é a posição do governo", afirma o diretor de câmbio da Ourominas, Elson Gusmão, que vê espaço para queda adicional do dólar. "Se o governo indicar corte de despesas e se confirmar a redução de juros nos EUA em setembro, acredito em taxa de câmbio entre R$ 5,30 e R$ 5,35", afirma.

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Em seguida, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, veio a público para tentar acalmar os ânimos. Haddad disse que a divulgação da fala de Lula se deu de forma "descontextualizada" e reiterou que a recomendação do presidente é o cumprimento das metas fiscais. O ministro disse que "possivelmente" haverá bloqueio e contingenciamento no anúncio do relatório bimestral.

À tarde, em evento em Anápolis (GO), o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse que questões domésticas contribuíram para o real apresentar recentemente desempenho pior que de seus pares, sem mencionar explicitamente o tema fiscal ou os ataques de Lula ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes - rondava a estabilidade no fim da tarde, na casa dos 104,200 pontos, após trabalhar em leve alta ao longo do dia. Já as taxas dos Treasuries caíram em bloco, com o retorno da T-note de 10 anos na casa de 4,16%. Dados mais fortes que o esperado das vendas no varejo nos EUA em junho não esfriaram as apostas em corte de juros pelo Fed em setembro e redução total de 75 pontos-base em 2024.

O economista André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, lembra que ontem o presidente do Fed, Jerome Powell, sugeriu em sua fala que o "início de afrouxamento monetário" está mais próximo, o que contribuiu para a continuidade do movimento de apreciação do real hoje. "Na quinta-feira, temos a divulgação de pedidos iniciais de seguro-desemprego nos EUA, que poderá oferecer insights sobre a resiliência ou desaceleração do mercado de trabalho, influenciado a possibilidade de cortes de juros em setembro", afirma Galhardo.

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