Após trocas de sinal ao longo do dia e oscilação de menos de três centavos entre a mínima (R$ 4,9580) e a máxima (R$ 4,9831), o dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 15, em baixa de 0,07%, cotado a R$ 4,9686. Lá fora, a moeda americana se enfraqueceu na esteira da divulgação de resultado abaixo do esperado das vendas no varejo e da produção industrial nos EUA em janeiro.
Depois do susto com a inflação ao consumidor americano do mês passado, divulgada na última terça-feira, 13, indicadores mostrando arrefecimento da atividade nos EUA trouxeram alívios aos investidores ao sugerir que há espaço para cortes de juros pelo Federal Reserve ainda no primeiro semestre. Assim, as taxas dos Treasuries, que há haviam recuado ontem, desceram hoje mais um degrau.
Entre as divisas emergentes mais relevantes, destaque negativo para o peso chileno, que amargou perda de quase 1% em relação a moeda americana. A ata do encontro do Banco Central do Chile do dia 31 de janeiro, quando houve redução da taxa básica do país em 100 pontos-base, para 7,25%, mostrou que diretores da instituição veem espaço para cortes mais agressivos dos juros e quem um deles já teria advogado em janeiro por um corte de 150 pontos.
Gestor de recursos de uma gestora independente local comenta que desempenho modesto do real hoje pode ser atribuído em parte à derrocada do peso chileno, uma vez que os bancos centrais de Brasil e Chile estão mais avançados no processo de redução de juros na América Latina. Com a postergação do corte inicial dos Fed Funds para meados do ano, o diferencial entre juros interno e externo tende a diminuir temporariamente, uma vez que o Banco Central já sinalizou cortes da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual nas próximas reuniões.
Para o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, o nível dos termos de troca ainda é bastante favorável e sugere que haveria espaço para uma apreciação do real, que, por ora, "não tem se materializado". Tanto o real como outras divisas emergentes sofrem neste início de ano com o vaivém da apostas o corte inicial de juros nos EUA. Lima argumenta que os dados recentes mostram um quadro mais complexo, o que dificulta o trabalho do Federal Reserve.
"A inflação foi muito forte, mas agora os dados de varejo surpreenderam para baixo. O Fed precisa de uma desaceleração da atividade para ter realmente espaço para cortar os juros com segurança", diz Lima, lembrando que o mercado de trabalho dos EUA segue apertado, o que resulta em pressões na inflação de serviços. "É preciso ter mais clareza de quando e quanto o Fed vai conseguir cortar as taxas. Se tivermos isso, o real pode se apreciar mais, porque os termos de troca seguem favoráveis e o fiscal, que continua ruim, não está fazendo preço".
As vendas no varejo dos Estados Unidos caíram 0,8% em janeiro, enquanto analistas estimavam baixa de 0,1%. Já a produção industrial recuou 0,1% em janeiro, na contramão da previsão de alta de 0,3%. Ferramenta de monitoramento do CME Group mostra que as chances de início de cortes de juros pelo em junho Federal Reserve giram ao redor de 80%. A probabilidade de redução de 125 pontos-base até dezembro aproxima-se de 30%. As apostas majoritárias ainda são de corte de 100 pontos-base até o fim deste ano.
Por aqui, à tarde, o Banco Central informou que o fluxo cambial em fevereiro (até o dia 9) está positivo em apenas US$ 5 milhões, com entrada líquida de US$ 1,450 bilhão via comércio exterior e saída de US$ 1,445 bilhão pelo canal financeiro. No ano, até o dia 9, o fluxo total é positivo em US$ 5,203 bilhões, graças à entrada líquida de US$ 6,138 bilhões pelo comércio exterior.
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