O dólar opera em alta na manhã desta quinta-feira, 18, sintonizado à valorização dos ativos financeiros americanos no exterior. Lá fora, predomina um otimismo com a possibilidade de um acordo sobre o teto da dívida dos EUA nos próximos dias, mas indicadores americanos têm vindo positivos e vem renovando expectativas de manutenção de juros elevados pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) por mais tempo no país.
A correção de alta frente o real vem após também o avanço do arcabouço fiscal na Câmara, cujo mérito deve ser votado na próxima semana, após a aprovação da urgência do projeto ontem em plenário por 367 votos a favor e 102 contra.
Com a urgência sancionada pelos deputados, o texto deve ir à votação diretamente no plenário, sem passar por comissões. É a primeira vitória do governo na tramitação do projeto. A notícia de mudanças nas políticas da Petrobras está no radar também.
Sobre a regra fiscal, o mérito do projeto poderá ser votado na próxima terça, 23, ou quarta-feira, 24, afirmou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
O relator da matéria, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), disse que o substitutivo ao projeto apresentado pelo governo foi construído com sugestões de diversos líderes partidários, "de direita, centro e esquerda" e que, se for alterar, será em acordo com líderes.
Dois dispositivos inseridos pelo relator no projeto vão permitir que o governo possa ampliar as despesas em cerca de R$ 80 bilhões adicionais nos próximos dois anos, segundo estimativas do mercado financeiro. Técnicos da Câmara que assessoram Cajado admitem a expansão, mas projetam um valor bem menor, ao redor de R$ 42 bilhões.
Na prática, os mecanismos abrem espaço para o governo inflar os gastos nos dois primeiros anos da regra. Ao Estadão/Broadcast, Cajado afirmou que os dispositivos foram incluídos para compensar os efeitos da desoneração dos combustíveis em 2022, no governo Jair Bolsonaro (PL). O parlamentar observou ainda que, a despeito do placar elástico a favor da urgência, o governo ainda não tem base na Câmara.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou nesta quarta-feira que vai retomar conversas com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para rever o termo de compromisso de cessação de prática (TCC), firmado em 2019, em que a estatal se comprometeu a vender oito refinarias para a iniciativa privada. "Não vai ter briga. Temos um relacionamento ótimo com o Cade, mas vamos conversar para rever tudo que aconteceu até agora. Nós não somos obrigados a vender essas refinarias", afirmou Prates, em entrevista à GloboNews.
Mais cedo, o American Depositary Receipt (ADR) da Petrobras registrava estabilidade (0,00%) e o da Vale recuava 0,51% no pré-mercado de Nova York, enquanto as commodities operam mistas e os futuros americanos seguem no território positivo.
Para o economista e sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, a revogação da resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) é um sinal do governo para o Cade de uma mudança na política energética do País. Pires acrescentou que a mudança de regras gera instabilidade regulatória e pode afetar as atividades das empresas controladoras de refinarias de Mataripe, na Bahia, e a unidade de Isaac Sabbá, em Manaus (AM).
Nos Estados Unidos, serão divulgados os pedidos semanais de auxílio-desemprego (9h30), as vendas de moradias usadas em abril (11h) e dois dirigentes do Federal Reserve (Fed) discursam: o diretor do Fed Philip Jefferson (10H05) e a presidente da distrital de Dallas, Lorie Logan (11H).
Às 9h33, o dólar à vista subia 0,69%, a R$ 4,9689. O dólar para junho ganhava 0,64%, a R$ 4,9810.
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