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Dólar sobe 2,03% com dado forte de emprego nos EUA e críticas de Lula ao BC

Após três pregões seguidos de queda e de ter flertado ontem com fechamento abaixo de R$ 5,00, o dólar encerrou a sessão desta sexta-feira, 3, em alta de 2,03%, cotado a R$ 5,1476, na máxima do dia. O estresse mais forte na reta final do pregão ocorreu em

Antonio Perez (via Agência Estado)

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Escrito por Antonio Perez (via Agência Estado)
Publicado em 03.02.2023, 18:42:00 Editado em 03.02.2023, 18:47:05
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Após três pregões seguidos de queda e de ter flertado ontem com fechamento abaixo de R$ 5,00, o dólar encerrou a sessão desta sexta-feira, 3, em alta de 2,03%, cotado a R$ 5,1476, na máxima do dia. O estresse mais forte na reta final do pregão ocorreu em meio mínimas do Ibovespa e à forte aceleração dos ganhos da moeda americana no exterior, em especial na comparação com o euro. Com a escalada de hoje, a divisa encerra a semana com valorização de 0,70%. A queda acumulada ano, que chegou a superar 4%, agora é de 2,51%.

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O tombo do real hoje veio no bojo de alta das taxas dos Treasuries e de fortalecimento global da moeda americana, após dados fortes de geração de emprego nos EUA em janeiro desautorizarem apostas em fim iminente do aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano). Aos ventos externos negativos somou-se o desconforto com a nova investida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o Banco Central. Além de repetir críticas ao nível da taxa de juros e da atual meta de inflação, Lula pôs na mesa a ideia de rever a autonomia legal do BC após o fim do mandato do presidente Roberto Campos Neto, em 2024.

Termômetro do desempenho do dólar frente a pares fortes, o índice DXY subiu mais de 1,20% e chegou a se aproximar dos 103,000. A moeda americana também avançou em bloco frente a divisas emergentes e de países exportadores de commodities. As cotações do petróleo recuaram no mercado internacional, com o contrato do tipo Brent para abril em baixa de 2,71%, a US$ 79,94 o barril. O real, que costuma apanhar em episódios de fuga do risco, desta vez não amargou o pior desempenho entre pares.

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Divulgado pela manhã, o relatório de emprego nos EUA (payroll) revelou geração de 517 mil vagas de emprego no país em janeiro, bem acima da mediana (190 mil) e do teto (305 mil) de Projeções Broadcast. Mais: a taxa de desemprego caiu de 3,5% em dezembro para 3,4%, e o salário médio por hora na comparação anual subiu 4,43%, acima do esperado.

O economista-chefe do Instituto Finanças internacionais (IIF), Robin Brooks, observa que a diferença entre o projetado por analistas e o resultado do payroll foi o maior da história, à exceção exatamente do número de um ano atrás. "Você não tem esse tipo de surpresa positiva se a recessão é iminente. Esse relatório acaba com o temor de recessão nos EUA. O dólar está muito baixo", afirma Brooks, no Twitter, acrescentando que a perda de força da moda americana nos últimos meses foi baseada na tese dupla de desinflação e recessão. "A primeira está correta, mas agora já está mais do que precificada. A última está errada. O dólar deve se fortalecer, especialmente contra o euro".

O resultado surpreendente do payroll veio após o Fed ter desacelerado o ritmo de alta da taxa de juros para 25 pontos-base e o mercado ter celebrado a menção do chairman Jerome Powell ao início do processo de desinflação nos EUA - o que estimulou apostas em taxa terminal ao redor de 5% e começo de corte de juros ainda neste ano. Monitoramento do CME Group mostra que, após o payroll, as chances de o Fed cortar a taxa básica em 2023 caíram da faixa de 60% para 40%.

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"Ontem, o real ficou abaixo de R$ 5,00 e foi até R$ 4,94, mas reduziu bastante a queda ao longo da tarde com críticas do governo Banco Central. Hoje, o motivo da alta é mais relacionado ao payroll, que veio muito forte. As taxas de juros americanas subiram e todas as moedas emergentes se desvalorizaram frente ao dólar", afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt.

Em entrevista ontem à Rede TV!, Lula voltou à carga contra a autonomia do BC, que classificou como uma "bobagem", criticou o nível da taxa de juros e o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto. "Então, ele Campos Neto quer chegar à inflação padrão europeu? Não. Nós temos que chegar à inflação 'padrão Brasil'. Uma inflação de 4,5% no Brasil, de 4%, é de bom tamanho se a economia crescer". Lula foi além e disse que vai esperar o fim do mandato de Campos Neto, para avaliar "o que significou o Banco Central independente", embora tenha dito que tal questão não está em sua pauta neste momento.

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