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Dólar sobe 0,93% com fuga de ativos de risco provocada por caso Evergrande

Os negócios no mercado doméstico de câmbio foram pautados nesta segunda-feira, 20, pela onda de liquidação de ativos de risco deflagrada pela crise de solvência da incorporadora chinesa Evergrande, que reascendeu temores de risco sistêmico no mercado fina

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 20.09.2021, 17:56:00 Editado em 20.09.2021, 18:02:39
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Os negócios no mercado doméstico de câmbio foram pautados nesta segunda-feira, 20, pela onda de liquidação de ativos de risco deflagrada pela crise de solvência da incorporadora chinesa Evergrande, que reascendeu temores de risco sistêmico no mercado financeiro global e de desaceleração mais aguda da economia do gigante asiático.

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Em movimento típico de fuga para a qualidade, investidores liquidaram posições em mercados acionários e correram para o abrigo do dólar e dos Treasuries - as taxas da T-note de 10 anos chegaram a cair mais de 4,5%. As divisas emergentes e de países exportadores de commodities - cujos preços despencaram - caíram em bloco em relação à moda americana. O real, por questões técnicas do nosso mercado e já fragilizado pelos problemas locais, foi quem mais apanhou.

Já em alta desde o início dos negócios, o dólar à vista operou sempre na casa de R$ 5,30 e renovou máximas ao longo da tarde, em linha com a deterioração do ambiente externo. Operadores notaram movimento de ordens de "stop loss" (limitação de perdas) e de montagem de posições defensivas assim que o dólar rompeu R$ 5,36, o que fez a moeda americana correr até a máxima de R$ R$ 5,3772 (+1,80%).

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Com arrefecimento da aversão ao risco na reta final do pregão, em linha com a moderação das perdas das Bolsas americanas, o dólar encerrou em alta de 0,93%, a R$ 5,3312 - maior valor de fechamento desde 23 de agosto (R$ 5,3820). À época, o mercado se ressentia do aguçamento da crise institucional, após o presidente Jair Bolsonaro pedir impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, questionar o voto eletrônico e atacar governadores.

O Credit Default Swap (CDS) de 5 anos do Brasil - derivativo que protege contra calotes e serve termômetro do risco-país - subiu de 180,14 pontos, no fechamento de sexta-feira (17), para 198,76, segundo dados da IHS Markit. A última vez que o CDS havia trabalhado na casa de 190 pontos foi em 20 de agosto.

Em relatório, os estrategistas de mercados do Brown Brothers Harriman (BBH) Win Thin e Ilan Solot, em Londres, afirmam que a "saga da Evergrande" aumenta os temores em torno do sistema financeiro chinês e de uma contaminação mais ampla dos mercados financeiros.

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"Esperamos firmemente uma forte intervenção do governo Chinês. Se evitará uma crise como o subprime nos EUA, é impossível responder neste momento", escrevem os estrategistas. "Mas a boa notícia é que investidores e reguladores estavam cientes da situação há muito tempo. Agora, é hora de definir o que 'grande demais para falir' realmente significa na China."

A onda de aversão a ativos de risco vem justamente na semana que abrigará a "Super Quarta" (dia 22), com decisões de política monetária aqui e nos Estados Unidos - o que reforça a cautela no mercado doméstico de câmbio. Além de os integrantes do Fed atualizarem suas projeções para o momento em que os juros serão elevados, o BC americano pode anunciar quando pretende iniciar a redução de compra mensal de bônus (tapering).

Para o economista-chefe e sócio da JF Trust, Eduardo Velho, é provável que o Fed sinalize o início da retirada de estímulos no fim do ano (novembro ou dezembro) ou até mesmo no começo de 2022, uma vez que os resultados recentes do payroll, inflação e a variante Delta 'confortam' a ala dovish do Fed. "A despeito do aumento das vendas do varejo, Fed deve estar preocupado com os reflexos da 'desaceleração' chinesa sobre os mercados globais", afirma Velho, em relatório.

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Em relação ao comportamento do dólar no Brasil, Velho avalia que o efeito da crise imobiliária na China deve abalar os preços das commodities, sustentando o dólar acima da casa de R$ 5,20, que vê como suporte para a taxa de câmbio.

Por aqui, investidores acompanham as negociações em torno da questão dos precatórios. Fontes ouvidas pelo Broadcast afirmaram que o ministro da Economia, Paulo Guedes, desistiu de acompanhar a comitiva presidencial na assembleia da ONU em Nova York para negociar uma solução para as dívidas judiciais.

Hoje à tarde, o presidente da Câmara, Artur Lira (PP-AL), confirmou que se encontrará na noite desta segunda-feira com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para falar do pagamento dos precatórios. "É importante que a gente ache uma saída rápida para esse assunto porque ele vai impactar em muitos outros assuntos, inclusive no Auxílio Brasil", afirmou.

Lira também disse que pretende avançar na reforma administrativa. O relator da reforma, deputado Arthur Maia (DEM-BA), deve protocolar um novo texto para ser apreciado esta semana, já que a primeira versão foi criticada por trazer privilégios a categorias da base do governo.

"A vitória do governo na PEC da despesa dos precatórios não é garantida, o que mantém o risco fiscal do descumprimento do teto dos gastos no radar. Além disso, a taxação dos dividendos pode ser reduzida no Senado, o que tira mais receita fiscal de 2022.", afirma Velho, da JF Trust, acrescentando que a votação da reforma administrativa pode ser um teste para balizar a disposição para a "austeridade fiscal".

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