Após uma manhã e início de tarde marcados por trocas de sinal, o dólar à vista se firmou em alta moderada nas duas últimas horas de negócios, em meio a novas máximas das taxas dos Treasuries e ao aprofundamento das perdas do Ibovespa. Com mínima a R$ 4,9547 e máxima a R$ 4,9947, a moeda encerrou a sessão com avanço de 0,17%, cotada a R$ 4,9837 - maior valor de fechamento desde 16 de agosto. Segundo operadores, na véspera do feriado do Dia da Independência, quando não haverá negócios no mercado local, investidores optaram por postura mais cautelosa.
No exterior, houve nova rodada de valorização da moeda americana em relação à ampla maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, dada a perspectiva de que a política monetária americana deve se manter em nível restritivo por mais tempo. Indicadores acima do esperado nos Estados Unidos e mais uma rodada de alta do petróleo no mercado internacional sugerem que será mais difícil domar a inflação.
Divulgado pela manha, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços dos Estados Unidos, medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM), subiu de 52,7 em julho para 54,5 em agosto, superando as expectativas dos analistas, que previam queda para 52,4. À tarde, o Livro Bege, documento do Fed que traz um sumário das condições econômicas dos EUA, mostrou moderação do crescimento e da inflação, mas um mercado de trabalho ainda apertado, com aumento de custos.
"O ISM do setor de serviços divulgado hoje mostrou crescimento acima do esperado com alta dos componentes de empregos e de preços. A percepção de que o Federal Reserve manterá a taxa de juros real elevada por período longo favorece o dólar, ainda mais em cenário de nítida desaceleração das economias da China e da zona do euro", afirma o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira.
A presidente do Federal Reserve de Boston, Susan Collins, voltou a afirmar nesta quarta que nova alta de juros pode ser necessária para levar a inflação à meta e que a política monetária deve se manter restritiva por algum tempo. Collins se disse otimista com a possibilidade de um "pouso suave" a economia americana, com uma "desaceleração ordenada" da atividade.
"Os dados de serviços mostram a economia americana ainda resiliente e isso corrobora a visão de alguns players de que o Fed pode promover novo aumento de juros. Isso impacta em cheio ativos de risco", afirma o operador Gabriel Mota, da Manchester Investimentos.
No exterior, o índice DXY encerrou à tarde em ligeira alta, mas chegou a superar a marca dos 105,000 pontos ao registrar máxima aos 105,024 pontos. A taxa da T-note de 2 anos atingiu máxima na casa de 5,049%. Já retorno do papel de 10 anos tocou 4,30% na máxima. O contrato do Brent para novembro fechou em alta de 0,62%, a US$ 90,60 o barril, voltando a níveis vistos em 2022.
Entre pares do real, o peso mexicano apresentava no fim da tarde perda na casa de 1,0%, enquanto o peso chileno subia cerca de 0,20%, após ter recuado mais de 2% na terça-feira, quando o Banco Central do Chile reduzir sua taxa básica em 75 pontos-base, para 9,50% ao ano. No início do ciclo de afrouxamento, em julho, a redução foi de 100 pontos-base.
"O mercado está claramente em busca de proteção, ainda mais em véspera de feriado, quando não vai poder se ajustar aos indicadores lá fora", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. "Por enquanto, ao nível de R$ 5,00 é um teto psicológico muito forte. Sempre que o dólar chega perto dele, aparece vendedor grande que havia comprado perto da mínima."
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