O dólar ajusta-se em baixa na manhã desta quinta-feira, 30, em meio ao apetite por risco moderado no exterior com a menor tensão sobre o setor bancário e otimismo interno com o anúncio do arcabouço fiscal (10h30).
Os investidores analisam o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e o resultado da produção industrial de janeiro, já divulgados, enquanto aguardam também a entrevista do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre política monetária e o RTI (11h). O mercado digere também o IGP-M de março abaixo do piso das projeções, outro fator para ajudar no recuo dos juros curtos. Na quarta, as taxas fecharam em alta, mas o dólar caiu pela quarta sessão seguida.
O projeto de novo arcabouço fiscal prevê a zeragem do rombo das contas do governo federal em 2024, o déficit primário, segundo apurou o Broadcast/Estadão, e superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025. A nova regra limita o crescimento da despesa a 70% do avanço das receitas do governo, mas esse porcentual cairia para 50% no ano seguinte se houvesse descontrole das contas públicas. Não está prevista nenhuma exceção nova à norma que, se aprovada pelo Congresso vai substituir o teto de gastos - mecanismo que desde 2017 atrela o crescimento das despesas à inflação.
Segundo as projeções do governo, com o novo arcabouço, as despesas vão crescer sempre menos que as receitas. O projeto terá mecanismos de ajuste, chamados de "gatilhos", em caso de não atendimento da trajetória prevista - ou seja, de desvio da rota. Por outro lado, haverá um instrumento que impedirá aumento de gastos mais acelerado quando houver expansão significativa na arrecadação.
No RTI do primeiro trimestre, o BC projeta queda da taxa real de juro no País apenas no terceiro trimestre deste ano, enquanto nos Estados Unidos as chances de manutenção dos juros pelo Federal Reserve em maio seguem sendo majoritárias. A dissonância na política monetária aponta para continuidade do juro interno atrativo. Mas investidores locais e estrangeiros ainda aguardam os detalhes da âncora fiscal para definir seus próximos passos nos mercados.
Mais cedo, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) registrou alta de 0,05% em março, após deflação de 0,06% em fevereiro, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice de Confiança do Comércio (Icom) subiu 1,1 ponto na passagem de fevereiro para março, para 86,9 pontos, a segunda alta consecutiva. Já o Índice de Confiança de Serviços (ICS) subiu 2,6 pontos na passagem de fevereiro para março, na série com ajuste sazonal, para 91,7 pontos.
Às 9h27 desta quinta, o dólar à vista caía 1,01%, a R$ 5,0828, ampliando perdas a 2,70% em março. O dólar abril cedia 1,07%, a R$ 5,0840.
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