Em sessão morna e de liquidez moderada, o dólar à vista encerrou o pregão desta sexta-feira, 15, em baixa de 0,03%, cotado a R$ 4,8712. Houve oscilação de pouco menos de dois centavos entre mínima (R$ 4,8599) e a máxima (R$ 4,8794). Termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para outubro movimento pouco mais de US$ 10 bilhões.
Segundo operadores, após a desvalorização de 1,61% da divisa nos últimos dois pregões, investidores preferiram adotar uma postura mais cautelosa à espera da decisão de política monetária aqui e nos Estados Unidos, na chamada "super quarta", 20. A recuperação recente dos preços das commodities, após sequência de dados mais animadores da economia chinesa e de estímulos monetários pelo Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês), já estaria incorporada à taxa de câmbio.
Após se aproximar do teto psicológico de R$ 5,00 na semana passada, o dólar encerrou esta semana em baixa de 2,24%, voltando a se situar em níveis vistos no fim de agosto. Novas rodadas de apreciação do real dependeriam, segundo operadores, de anúncio de mais estímulos à economia chinesa e recuo das taxas dos Treasuries. Por aqui, investidores aguardam sinais de que o governo vai conseguir aprovar no Congresso projetos que ampliem a receitas para se aproximar da meta de resultado primário neutro em relação ao PIB no ano que vem.
Lá fora, o índice DXY trabalhou em leve baixa e rondava os 105,300 pontos no fim da tarde, com moderada recuperação do euro, que ontem desceu ao menor nível em relação ao dólar desde março na esteira de sinalização do Banco Central Europeu (BCE) que o processo de alta de juros na região já se encerrou. Na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o dólar apresentou comportamento misto, incluindo pares do real.
"O real vem se valorizando por conta da melhora aparente que vem ocorrendo na economia da China. O país asiático é um grande comprador de commodities e puxa o Brasil, com nossa balança comercial", afirma o CEO do Transferbank, Luiz Felipe Bazzo, ressaltando que há também um panorama "mais previsível em relação às taxas de juros no exterior".
Ontem à noite, o PBoC que reduziu a taxa de juros de contratos de recompra (repos) e injetou 34 bilhões de yuans (US$ 4,67 bilhões) no mercado para manter a liquidez. É a primeira vez desde janeiro que a autoridade monetária chinesa adota tal medida. Nesta semana, o BC chinês já havia reduzido o compulsório bancário. Além disso, dados de produção industrial e vendas na China, em agosto, superaram as estimativas dos analistas. Embora ainda haja dúvidas entre economistas sobre a capacidade do governo chinês de atingir as metas de crescimento, as ações recentes trouxeram um ambiente mais favorável para commodities.
O analista de investimentos Alex Martins, da Nova Futura, observa que, além dos estímulos monetários tradicionais, a China tem adotado outras medidas relevantes para impulsionar a econômica, como o afrouxamento de regras para seguradoras investirem em ações e facilitação para tomada crédito imobiliário, o que contribui para aumento recente de concessão de empréstimos.
"O fato de a China ter aumentado um pouco a abrangência dos estímulos trouxe a percepção de que o governo pode adotar medidas para outros segmentos, o que favoreceu as commodities", afirma Martins. "Combinado com o sinal de fim de ciclo do BCE e a possibilidade de que o Fed (Federal Reserve, o BC americano) não eleve mais os juros, a alta das commodities levou à queda do dólar".
Monitoramento da CME mostra que são que são praticamente unânimes as apostas de que o Fed vai anunciar na próxima quarta-feira manutenção da taxa de juros na faixa entre 5,25% e 5,50%. Além disso, são de cerca de 60% as chances de que não haja nova elevação dos FedFunds ainda neste ano. Leituras de inflação ao consumidor e produtor nos EUA divulgadas nesta semana vieram praticamente em linha com o esperado.
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