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Dólar fecha em alta de 1,19% e se aproxima de R$ 5,52 com fala de Lula e pressão externa

O dólar subiu com força na sessão desta quarta-feira, 26, e superou a barreira técnica e psicológica e R$ 5,50, atingido o maior valor de fechamento desde janeiro de 2022. Além da onda de fortalecimento global da moeda americana e da alta das taxas dos Tr

Antonio Perez (via Agência Estado)

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Escrito por Antonio Perez (via Agência Estado)
Publicado em 26.06.2024, 18:03:00 Editado em 26.06.2024, 18:08:57
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O dólar subiu com força na sessão desta quarta-feira, 26, e superou a barreira técnica e psicológica e R$ 5,50, atingido o maior valor de fechamento desde janeiro de 2022. Além da onda de fortalecimento global da moeda americana e da alta das taxas dos Treasuries, movimento que castiga em especial divisas emergentes, o real sofreu hoje com aumento da percepção de risco fiscal doméstico. A moeda brasileira figurou entre as quatro divisas com mais perdas em relação ao dólar, ao lado de seus pares latino-americanos, entre eles os pesos mexicano e colombiano.

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Operadores identificaram aumento da busca por hedge (proteção cambial) e movimentos especulativos em razão de nova leva de declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva críticas ao mercado financeiro e à agenda de corte de gastos. Em entrevista ao UOL, Lula descartou a possibilidade de desindexar pensões e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) da política de valorização do salário mínimo, umas das alternativas aventadas por economistas para conter despesas.

O presidente disse que o governo trabalha na revisão dos gastos públicos "sem levar em conta o nervosismo do mercado" e reiterou que considera despesas com saúde e educação investimentos. "As pessoas da Faria Lima pensam no lucro, e o Brasil precisa ter alguém que pensa no povo", disse Lula, em referência a uma avenida na cidade de São Paulo que abriga a elite do mercado financeiro.

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Com as atenções voltadas à dinâmica fiscal, o mercado de câmbio deixou em segundo plano o resultado abaixo do esperado do IPCA-15 de junho e a publicação do decreto que estabelece meta de inflação contínua - pontos que, em tese, seriam favoráveis à diminuição da percepção de risco. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu a meta em 3% nesta tarde.

Com máxima a R$ 5,5264, o dólar à vista encerrou a sessão em alta de 1,19%, cotado a R$ 5,5194 - maior valor de fechamento desde 18 de janeiro de 2022 (R$ 5,5603). Em junho, a moeda já avança 5,12%, o que leva a valorização no ano a 13,72%. Em 2024, o dólar tem os maiores ganhos em relação ao iene, ao real e ao peso argentino.

O head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, afirma que há uma aversão a risco grande no exterior que pune divisas emergentes, com investidores buscando refúgio no dólar antes da agenda carregada de indicadores nos EUA nos próximos dias, em especial a divulgação do índice de preços de gastos com consumo (PCE) na sexta-feira, 28.

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"O peso mexicano e o chileno estão se desvalorizando junto com o real hoje por questões externas, mas o real já perdeu muito valor contra essas moedas no ano", diz Weigt. "Se o governo sinalizasse manutenção da relação dívida/PIB para frente, o dólar estaria em R$ 4,90 e o juro longo no máximo em 9,50%".

Dados do Banco Central divulgados à tarde mostram que o fluxo cambial semanal voltou a ficar negativo. Entre 17 e 21 de junho, o buraco foi de US$ 1,699 bilhão, em razão da saída líquida de US$ 2,540 bilhões pelo canal financeiro. Do lado comercial, houve entrada líquida de US$ 841 milhões. Em junho (até 21) o fluxo cambial total é positivo em US$ 4,638 bilhão, graças à entrada de US$ 5,074 bilhões via comércio exterior.

Para o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, há um "descolamento" da taxa de câmbio dos fundamentos das contas externas. Além da liquidação recentes de divisas emergentes, puxada pelo tombo do peso mexicano, o real sofre com as questões idiossincráticas domésticas, como o quadro fiscal e a desconfiança de que o Banco Central possa ser mais leniente com a inflação a partir de 2025, quando haverá troca no comando da instituição.

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"Com as declarações recentes do presidente da República, o mercado colocou um peso maior na probabilidade de o quadro fiscal não ser benigno como se imaginava no final do ano passado" afirma Oliveira. "O governo vai ter que provar a cada resultado primário e a cada reunião do Copom que está realmente comprometido com as metas fiscais e que o BC é autônomo".

Divulgadas à tarde, as contas do Governo Central - que reúne Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central - apresentaram déficit de R$ 60,983 bilhões, acima da mediana de Projeções Broadcast (R$ 58,10 bilhões). Houve aumento real de 8,3% das receitas em maio na comparação anual, mas as despesas subiram 14%.

A avaliação de analistas é que as medidas gestadas no ministério da Fazenda para ampliar as receitas apresentam bons resultados, mas falta uma trava à expansão dos gastos dê sustentação ao novo arcabouço fiscal ao longo do tempo.

O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, afirmou hoje à tarde que as "sinalizações" do governo são de "apoio total" à equipe econômica. "Muitas vezes há interpretações sobre trechos das colocações, mas digo que o presidente tem nos apoiado de forma irretocável", afirmou Ceron. "Não vi nada novo nas falas do presidente. Estamos no estágio de apresentar a Lula o diagnóstico das despesas públicas".

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