O dólar encerrou a sessão desta quarta-feira, 23, em leve queda no mercado doméstico, em movimento de ajuste técnico para defender o nível abaixo de R$ 5,70, assim como na véspera. Analistas, contudo, ponderam que na parte fundamentalista o real segue pressionado pela proximidade das eleições americanas e persistentes incertezas fiscais, enquanto o governo não fornece detalhes sobre medidas de corte de despesas. No exterior, a divisa norte-americana ganhou força entre pares fortes e a maioria dos exportadores de commodities.
No segmento à vista o dólar fechou em queda de 0,08%, a R$ 5,6928. O contrato futuro para novembro registrava queda de 0,15%, a R$ 5,6915, por volta das 17h45. Já o índice DXY, que mede a moeda americana contra pares fortes subia 0,30%, aos 104,388 pontos.
Depois de ter subido por toda a manhã, o dólar inverteu seu movimento e o segmento à vista tocou mínima intradia de R$ 5,6858 (-0,21%) no período da tarde, mantendo o sinal negativo até o fechamento. O operador de câmbio da Fair Corretora, Hideaki Iha, atribui o movimento a um fluxo de venda pontual da divisa americana, destacando que o dólar passou a cair também em relação ao peso chileno e mexicano.
Só em outubro o dólar acumula uma apreciação de 4% em relação ao real, de 5% em relação ao peso chileno, e cerca de 0,7% ante o peso mexicano.
Ainda assim, a divisa americana ganhou terreno entre pares fortes e outras das principais economias exportadoras de commodities. Nesta quarta, o minério de ferro cedeu 1,91% (Dalian) e 1,80% (Cingapura), pressionado por uma perspectiva negativa para o mercado global de aço e expectativas moderadas para a recuperação econômica da China no curto prazo, segundo reportagem especial do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado). Já o petróleo recuou 1,35% (WTI) e 1,42% (Brent), após os estoques da commodity crescerem mais do que o esperado nos EUA na semana passada.
A economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, destaca que o mercado vive um momento de aversão a risco e incerteza relacionados às eleições americanas, o que acaba fortalecendo a moeda americana globalmente. "EUA são uma das grandes potências do mundo e há incerteza, o que gera volatilidade. Em ambiente assim, investidores buscam se proteger e uma forma para isso é com câmbio, a partir do dólar", afirma.
Já a situação fiscal brasileira segue sem endereçamento claro e, por isso, não contribui para o fluxo vir ao Brasil, segundo Quartaroli, do Ouribank. "Não vemos apetite por parte do governo para reduzir despesas, que é o que todos estão esperando", destrincha.
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