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Dólar cai para menor valor desde junho com IPCA, fiscal e fluxo externo

A trinca formada por leitura benigna do IPCA de março, menor percepção de risco para a trajetória da dívida pública, com possível adoção de travas ao aumento de gastos no novo arcabouço fiscal, e sinais de vitalidade da economia chinesa alimentou uma onda

Antonio Perez (via Agência Estado)

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Escrito por Antonio Perez (via Agência Estado)
Publicado em 11.04.2023, 18:20:00 Editado em 11.04.2023, 18:25:21
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A trinca formada por leitura benigna do IPCA de março, menor percepção de risco para a trajetória da dívida pública, com possível adoção de travas ao aumento de gastos no novo arcabouço fiscal, e sinais de vitalidade da economia chinesa alimentou uma onda de valorização dos ativos domésticos na sessão desta terça-feira, 11.

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Com relatos de fluxo de recursos estrangeiros para renda fixa e ações locais, em dia de alta de mais de 4% do Ibovespa, e de desmonte de posições defensivas no mercado futuro, o dólar operou em baixa firme ao longo de toda a sessão e chegou a furar o piso de R$ 5,00 pela manhã, com mínima a R$ 4,9899. No fim do pregão, a moeda recuava 1,16%, cotada a R$ 5,0072 - menor valor de fechamento desde 10 de junho de 2022. A divisa já acumula baixa de 1,21% em abril.

Lá fora, o índice DXY - termômetro do desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - operou em baixa, flertando com o rompimento da linha dos 102,000 pontos, apesar de avanço dos Treasuries e da expectativa pela divulgação, amanhã, do índice de preços ao consumidor nos EUA em março e da ata do Federal Reserve. A moeda americana caiu em relação à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com o peso chileno puxando a fila, seguido pelo real.

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Pela manhã, o IBGE informou que o IPCA desacelerou de 0,84% em fevereiro para 0,71% em março, abaixo da mediana (0,77%) e perto do piso (0,69%) de Projeções Broadcast. A taxa acumulada em 12 meses é de 4,65%. Cálculos de economistas mostram que a difusão do IPCA desceu da casa de 65% em fevereiro para menos de 60% em março.

O economista-chefe e consultor da Remessa Online, André Galhardo, afirma que a tendência recente de apreciação do real foi reforçada hoje pela leitura do IPCA, que mostra um cenário mais benigno para a inflação. "Os argumentos para o Banco Central manter a Selic em 13,75% são cada vez mais escassos. Mas a inflação deve desacelerar em um ritmo mais rápido do que a potencial velocidade de queda da Selic, o que garante um juro real em nível elevado e ajuda a moeda brasileira", afirma Galhardo, para quem sinais positivos da China - que hoje divulgou forte aumento de empréstimos bancários - ajudam a atrair recursos externos para a bolsa brasileira e favorecem o real.

O CEO do Transferbank, Luiz Felipe Bazzo, observa que a perspectiva de manutenção de juros ainda altos no Brasil, mesmo com provável redução da Selic, "está atraindo exportadores para o mercado doméstico de renda fixa", o que reduz o diferencial entre embarques e liquidação financeira. "Com as altas nos juros nos EUA chegando ao fim e o diferencial de juros favorável, o patamar de dólar abaixo de R$ 5,00 pode ser sustentável", afirma.

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Além do IPCA e dos ventos externos positivos, analistas veem uma redução da percepção de risco. Fontes ouvidas pelo Broadcast afirmaram que o texto final da proposta de novo arcabouço fiscal deve limitar em R$ 25 bilhões o bônus para investimentos adicionais. Isso evitaria que aumentos extraordinários das receitas, com geração de superávit primário superior às metas estabelecidas, traduzissem automaticamente em expansão de gastos. Em entrevista ao Broadcast no último dia 6, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, já havia afirmado que estava em estudo regra que limitasse o valor destinado a investimentos.

Para head de câmbio do Travelex Bank, Marcos Weigt, parece que a equipe econômica "escutou os comentários do mercado e está ajustando" pontos da nova regra fiscal, o que dá fôlego aos ativos domésticos. "O Haddad está se mostrando, digamos, ortodoxo e preocupado realmente com o fiscal. Estão colocando amarras para os gastos e ajustando o arcabouço de forma construtiva. Parece que não tem mais aquele risco de descontrole da relação dívida/PIB", diz Weigt.

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