A semana recheada de decisões de política monetária - entre elas a do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos - mantém o dólar perto da estabilidade, mas sem direção única nos mercados mundiais, devolvendo parte do avanço recente em relação a outras moedas fortes, mas recuando na comparação com aquelas ligadas a países exportadores de commodities - caso do real, que opera em leve alta em relação à moeda norte-americana nesta segunda-feira, 18. Especialistas acreditam que, na quarta-feira, 20, o Fed vai manter intactas as taxas de juros dos Estados Unidos, mas estão divididos sobre qual será a mensagem transmitida pela instituição a respeito da trajetória futura das taxas. A aposta majoritária é de que a sinalização será por uma pausa nos aumentos de juros este ano, mas há quem espere uma postura mais austera. Essa divisão no mercado, somada às várias decisões de bancos centrais desta semana, contribui para manter o dólar perto da estabilidade. Na terça-feira está prevista reunião de política monetária do banco central da China - sem expectativa de alteração nas taxas -, e na quinta-feira estão agendadas as decisões dos bancos centrais da Inglaterra, Suíça e Turquia. Na sexta-feira o Banco do Japão anuncia sua decisão. No caso dos europeus, a previsão é de alta de 0,25 ponto porcentual nos juros - exceto no BC turco, que deve anunciar um aumento de 5 pontos porcentuais nas taxas. No banco central japonês, a previsão é de manutenção da política monetária. O Banco Central brasileiro também anuncia decisão de política monetária, na quarta-feira, e a previsão é de corte de 0,50 ponto porcentual na Selic, a taxa básica de juros. Mas não necessariamente a redução resultará em perda de fôlego para o real. "A perspectiva de um período prolongado de juros inalterados nos EUA está deprimindo as taxas por lá, assim como a volatilidade entre os mercados, trazendo de volta à moda estratégias de arbitragem", disse o ING, acrescentando que, por isso, o real pode continuar recebendo suporte do fato de os juros no Brasil ainda estarem mais elevados que os dos EUA.
O cenário positivo para a economia brasileira, com queda tanto das previsões de inflação em meio à expectativa de redução dos juros. "O Focus apontou PIB ainda mais alto, dólar ainda mais baixo e inflação ainda mais baixa. Isso com certeza traz força para o Brasil e o real", disse Rodrigo Cohen, especialista em mercado de capitais e cofundador da Escola de Investimentos. Ele acrescentou que a sinalização dada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que o governo tem votos suficientes na Casa para aprovar a reforma tributária e outras propostas de emenda à Constituição também colabora para fortalecer o real. Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena, aponta que a melhora recente do real também está associada aos sinais recentes de recuperação econômica na China, bem como às medidas adotadas pelo país para tentar estimular a economia - via corte de juros, por exemplo. "Hoje está sem maiores novidades", acrescentou. Por volta das 10h30, o dólar caía 0,38% no mercado à vista, para R$ 4,8529, enquanto no mercado futuro o contrato da moeda para outubro tinha queda de 0,38%, para R$ 4,8620.
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