Após subir 1,64% ontem e fechar no maior valor desde 5 de junho, o dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 7, em baixa de 1,30% no mercado doméstico de câmbio, cotado a R$ 4,8659. Já em queda firme pela manhã, em meio à onda de enfraquecimento da moeda americana no exterior com dados de emprego nos EUA abaixo do esperado, o dólar renovou mínimas à tarde, descendo até R$ 4,8485, com avanço da pauta de reformas econômicas na Câmara dos Deputados.
Após a aprovação na madrugada desta sexta-feira da reforma tributária em dois turnos, classificada por atores políticos como histórica, a Câmara se debruçou hoje à tarde sobre o projeto que retoma o "voto de qualidade" no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), graças à articulação entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Considerado essencial para ampliação de receitas e cumprimento das metas fiscais, o projeto do Carf foi aprovado de forma simbólica, com dois destaques, e segue para o Senado. Não houve sobressaltos nem quando o presidente da Câmara, em entrevista a GloboNews, informou que a votação final do arcabouço fiscal ficará apenas em agosto, uma vez que a aprovação é dada como certa e com "alterações mínimas", nas palavras do próprio Lira.
Apesar do refresco hoje, o dólar à vista encerra a primeira semana de julho com alta de 1,59%. Analistas ponderam que havia espaço para ajustes técnicos e realização de lucros de posições vendidas (que ganham com a baixa da taxa de câmbio), após a moeda ter caído 5,59% em junho e terminado o primeiro semestre com perdas de 9,29%. No ano, o dólar à vista agora apresenta desvalorização de 7,84%.
"O cenário político é muito favorável quando se pensa no que se esperava após as eleições. Tivemos uma polarização muito grande na eleição para presidente, mas o Congresso assumiu o protagonismo e impede que se vá para extremos à esquerda ou à direita. As reformas estão andando", afirma o co-CEO e diretor de investimentos na Alphatree Capital, Rodrigo Jolig.
No exterior, o índice DXY - que mede a variação do dólar frente uma cesta de seis moedas fortes - operou em baixa firme, com mínima aos 102,226 pontos, em dia marcado por ganhos expressivos do iene. Moedas emergentes e de países exportadores de commodities, que apanharam ontem, se recuperaram hoje, com destaque para os ganhos acima de 1% do real e do peso colombiano.
Nos EUA, depois do susto ontem com o resultado acima do esperado da geração de empregos no setor privado americano, revelada pelo relatório ADP, houve alívio hoje com os números do payroll. Foram criadas 209 mil vagas em junho, abaixo da mediana de Projeções Broadcast (225 mil). A taxa de desemprego caiu 3,7% em maio para 3,6% em junho, em linha com o esperado.
A perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) promova uma alta de juros de 25 pontos neste mês segue amplamente majoritária. Houve, contudo, diminuição dos temores em uma taxa terminal ainda mais elevada.
"O payroll não foi fraco, mas havia o temor de que fosse um número muito grande, após o ADP de ontem. A verdade é que o mercado de trabalho segue forte e o Fed vai ter que segurar os juros em níveis mais altos", afirma Jolig, da Alphatree Capital, que atribui o tropeço do real e de outras divisas emergentes ontem a um "movimento técnico" de ajuste e realização de lucros de um "trade" já bastante vencedor.
Para Jolig, o real e pares latino-americanos devem apresentar desempenho positivo nos próximos meses. Por aqui, a taxa de câmbio pode voltar as níveis de R$ 4,70. Mesmo que o BC inicie em agosto o ciclo de redução de juros com um corte de 0,50 ponto porcentual, a taxa Selic deve encerrar o ano provavelmente ainda em dois dígitos. "O carry vai continuar atraente e dar sustentação ao real. É um 'trade' que deve continuar forte por mais uns seis meses", afirma.
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