MAIS LIDAS
VER TODOS

Economia

Dólar cai 0,75% e fecha nos menores níveis desde agosto

Após subir 0,50% ontem e ultrapassar a barreira de R$ 5,45, o dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira, 2, em queda firme e voltou a fechar na casa de R$ 5,42, nos menores níveis desde agosto. Operadores não identificam um gatilho específico par

Antonio Perez (via Agência Estado)

·
Escrito por Antonio Perez (via Agência Estado)
Publicado em 02.07.2025, 17:49:00 Editado em 02.07.2025, 17:55:38
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

Após subir 0,50% ontem e ultrapassar a barreira de R$ 5,45, o dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira, 2, em queda firme e voltou a fechar na casa de R$ 5,42, nos menores níveis desde agosto. Operadores não identificam um gatilho específico para a apreciação do real, mas ressaltam que as divisas latino-americanas, à exceção do peso mexicano, ganharam terreno com a alta do minério de ferro e do petróleo. Dados fracos do mercado de trabalho americano também podem ter dado impulso a divisas da região, ao sugerir mais espaço para corte de juros nos EUA neste ano.

continua após publicidade

Outro ponto que pode estar por trás do fôlego extra da moeda brasileira é a perspectiva de manutenção da taxa Selic em 15% por um "período bastante prolongado", reforçada hoje pela fala do diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, em evento no Citi. Além de desencorajar o carregamento de posições em dólar, os juros altos aumentam a atratividade das operações de carry trade.

Afora uma alta pontual no início dos negócios, quando registrou máxima a R$ 5,4812, o dólar trabalhou em baixa no restante do pregão. Com mínima a R$ 5,4162 na última hora do pregão, a moeda americana fechou em queda de 0,75%, a R$ 5,4202 - no menor valor desde 19 de agosto (R$ 5,4120).

continua após publicidade

"Continuamos vendo ingresso de recursos para aproveitar o nosso juro real elevado, de quase 10%. Parece que a disputa jurídica entre governo e Congresso não assusta os investidores estrangeiros", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, em referência ao fato de o governo Lula ter recorrido ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto legislativo que derrubou o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Segundo apuração do Broadcast, ministros do STF veem a abertura de canais de diálogo para uma conciliação entre Executivo e Legislativo como uma boa saída para o impasse envolvendo o IOF. A ação do governo é relatada pelo ministro Alexandre de Moraes, que deve pedir informações às partes nos próximos dias. Cabe a ele proferir uma liminar para suspender o ato legislativo ou, ainda, submeter o processo à conciliação entre as partes.

Para Galhardo, da Treviso, se não houver aumento dos ruídos políticos locais com a queda de braço entre governo e Congresso, é possível que o real experimente nova rodada de apreciação, com a taxa de câmbio descendo até R$ 5,30, diante da tendência de enfraquecimento global da moeda americana. "Se houvesse confiança de que o governo está realmente comprometido com o equilíbrio das contas públicas, poderíamos ter um dólar mais perto de R$ 5,00".

continua após publicidade

Com exclusividade ao Broadcast, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje à tarde que a equipe econômica depende do decreto do IOF para garantir o cumprimento da meta fiscal do ano que vem, de superávit de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB).

A gestora de recursos Ibiuna Investimentos afirma que, além dos "ventos globais favoráveis", dois fatores ajudaram o real nos últimos meses: a elevação da Selic para 15% - que "elevou o diferencial de juros e aumentou sobremaneira a atratividade das operações de carrego" - e a mudança do ambiente político, "com aumento da probabilidade de alternância do poder e, portanto, da política econômica, nas eleições de 2026". A gestora mantém aposta em enfraquecimento do dólar com posições em euro, peso mexicano e real.

O diretor de Política Monetária do Banco Central reiterou hoje, em evento do Citi, que o regime é de câmbio flutuante e que o BC intervém apenas em caso de disfuncionalidades no mercado. O destino da taxa de câmbio, segundo David, está mais relacionado ao comportamento da moeda americana no exterior "do que com o real".

continua após publicidade

Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes - apresentava ligeira queda no fim do dia, na casa dos 96,700 pontos. Na semana, o Dollar Index cai cerca de 0,50%. Pela manhã, relatório da ADP mostrou eliminação de 33 mil vagas no setor privado americano em junho, quando a expectativa era de geração de 115 mil postos.

Investidores aguardam a divulgação, amanhã, do relatório de emprego (payroll) de junho para calibrar as apostas para os próximos passos do Federal Reserve. Ontem o presidente do Fed, Jerome Powell, não descartou a possibilidade de corte de juros já no encontro de política monetária do banco em julho, embora tenha alertado para as incertezas e o impacto inflacionário provocados pelo tarifaço de Trump.

GoogleNews

Siga o TNOnline no Google News

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Economia

    Deixe seu comentário sobre: "Dólar cai 0,75% e fecha nos menores níveis desde agosto"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!