Após instabilidade e troca de sinais pela manhã, o dólar perdeu força ao longo da tarde e se firmou em baixa em meio à aceleração dos ganhos do Ibovespa e à queda dos juros futuros, na esteira de declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre melhora das expectativas para inflação e abertura de espaço para redução da taxa Selic. Com mínima a R$ 4,8640, na última hora de negócios, a moeda encerrou em queda de 0,20%, cotada a R$ 4,8665.
Na sexta-feira, a divisa tinha recuado ao menor nível de fechamento desde 7 de junho do ano passado. Com a leve perda de hoje, passou a exibir o menor valor desde 6 de junho de 2022, última vez em que terminou o dia abaixo de R$ 4,80 (R$ 4,7962). Após recuo em seis dos sete pregões em junho, a moeda já acumula desvalorização de 4,07% no mês - o que leva a queda no ano a 7,83%.
Operadores ressaltam que a liquidez foi reduzida, com investidores apenas realizando ajuste finos de posições no segmento futuro à espera da divulgação do índice de inflação do consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA amanhã e da decisão de política monetária do Federal Reserve na quarta-feira, 14.
Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - operou em leve alta, com ganhos frente ao iene e, sobretudo à libra, mas em queda na comparação com o euro. A moeda americana subiu em relação a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, embora tenha recuado frente a pares do real como peso colombiano e o rand sul-africano.
Por aqui, há um pano de fundo positivo que ampara a valorização recente do real. À redução do risco fiscal com avanço da proposta do novo arcabouço no Congresso somam-se perspectivas melhores de crescimento e redução das expectativas de inflação, ratificada hoje pelo Boletim Focus. As mínimas da sessão vieram justamente em momento em que o mercado digeria declarações do presidente do Banco Central.
Em evento em Brasília, Campos Neto disse que as taxas de juros longas "têm caído bastante", na esteira do anúncio do arcabouço fiscal, "abrindo espaço para uma atuação de política monetária à frente", em uma alusão ao esperado início de ciclo de corte da Selic no segundo semestre. "É essa taxa de juros longa cair é que abre espaço para a Selic cair", afirmou Campos Neto.
"O arcabouço fiscal vai passar no Senado e temos a reforma tributária andando no Congresso, o que ajuda a manter o mercado mais tranquilo. Os dados econômicos também têm ajudado o real, com previsão de inflação mais baixa e crescimento mais alto", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
À tarde, a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou que a balança comercial registrou US$ 3,178 bilhões na segunda semana de junho (dias 5 a 11). No mês, o superávit acumulado é de US$ 4,913 bilhões e no ano, de US$ 39,835 bilhões.
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