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Dólar avança 0,89% e fecha a R$ 5,4228 com China e Fed no radar

Temores de desaceleração mais forte da economia chinesa, em meio ao avanço da variante Delta, e a expectativa de retirada de estímulos monetários nos Estados Unidos, após a divulgação na quarta-feira, 18, da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central no

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 19.08.2021, 17:58:00 Editado em 19.08.2021, 18:04:11
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Temores de desaceleração mais forte da economia chinesa, em meio ao avanço da variante Delta, e a expectativa de retirada de estímulos monetários nos Estados Unidos, após a divulgação na quarta-feira, 18, da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), provocaram uma onda global de corrida à moeda dos EUA e forte recuo dos preços das commodities nesta quinta-feira, 19.

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Já pressionado pelas questões domésticas - fiscais e político-institucionais - o real não encontrou forças para se livrar dos ventos contrários vindos de fora, embora não tenha, desta vez, liderado as perdas entre divisas emergentes - papel que coube ao rand sul-africano. Afora alívios pontuais ao longo do pregão, fruto de fluxos esporádicos de recursos de exportadores e pausas para realização de lucros, o dólar trabalhou a maior parte do dia acima da casa de R$ 5,40.

Já nas primeiras horas dos negócios, a moeda norte-americana correu até a máxima de R$ 5,4565, na esteira do mau humor externo e sob impacto da queda do tombo do preço do minério de ferro na China para o menor nível desde novembro de 2020. Segundo motor da economia global, o gigante chinês dá sinais claros de perda de dinamismo.

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Também ecoava nas mesas de operação a perspectiva de diminuição da liquidez global, após a ata do Federal Reserve revelar que parte dos dirigentes da instituição quer começar a reduzir a compra mensal de títulos - da ordem de US$ 120 bilhões - ainda neste ano.

No meio da tarde, o dólar deu uma arrefecida e desceu até a mínima de R$ R$ 5,3808, acompanhando a leve melhora do desempenho dos demais ativos domésticos, com a Bolsa virando para o terreno positivo. O alívio foi efêmero e o dólar voltou, rapidamente, a ser negociado acima de R$ 4,42, com o índice DXY - que mede o desempenho da moeda americana ante seis divisas fortes - renovando máximas, na casa de R$ 93,500 pontos.

Em relatório, o estrategista de moedas do banco Brown Brothers Harriman (BBH), Ilan Solot, afirma que o número de integrantes do Banco Central norte-americano a favor de redução dos estímulos neste ano "vai continuar a crescer" daqui para a frente, elevando as chances de uma postura a mais "hawkish" do Fed em setembro. "Os próximos alvos do DXY são 94,302, de novembro de 2020, e 94,742, de setembro de 2020", escreve Solot.

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Por aqui, no fim do dia, o dólar à vista avançava 0,89, a R$ 5,4228. Com isso, a moeda norte-americana sobe 3,29% na semana e acumula valorização de 4,09% em agosto. O giro do contrato de dólar futuro para setembro, termômetro do apetite por negócios, foi robusto, na casa de US$ 19 bilhões.

Sócio e gestor da Galapagos Capital, Sergio Zanini ressalta que o desempenho do real nesta quinta-feira foi "igual ou até melhor" que o de outras divisas emergentes e de países exportadores de commodities. "Parece que essa perspectiva de aumento da Selic está servindo de colchão para o real. Existe essa tentativa de controlar um pouco essa volatilidade do câmbio e as pressões inflacionárias, em meio a esses ruídos e sinalizações preocupantes do lado fiscal", afirma Zanini, ressaltando, porém, que o custo econômico do aperto monetário é grande. "Vemos um mundo crescendo moderadamente e vamos ter de pisar no freio via taxa de juros de novo".

Em webinar promovido pelo Council of the Americas, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu nesta quinta que o BC "fará o necessário" para atingir a meta de inflação. O objetivo é ancorar as expectativas inflacionárias levando a taxa de juros para acima do nível neutro, o que abala as expectativas de crescimento em 2022.

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Campos Neto argumentou que o governo "precisa passar uma mensagem muito responsável de como o caminho fiscal continuará a partir daqui", com explicações como o Auxílio Brasil, novo nome do Bolsa Família, vai funcionar e de onde virá o dinheiro.

Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender a PEC dos Precatórios, argumentando que, sem o parcelamento do pagamento das dívidas judiciais, vai falar dinheiro "até para pagamentos de salários". Em audiência pública no Senado a respeito do Mercosul, Guedes disse que é "inexequível pagar precatórios de R$ 90 bilhões com leis vigentes".

Para Zanini, da Galapagos, o programa de redução do Estado do governo Jair Bolsonaro, que garantiria juro estrutural mais baixo, ruiu com a pandemia - e o Brasil volta a ter uma "situação fiscal complicada". Embora o País tenha reservas internacionais elevadas e contas externas saudáveis, a taxa de câmbio real (ajustada pela inflação) está atualmente nos mesmos níveis de 2002, época de forte aversão ao risco por causa da perspectiva, na ocasião, de vitória do ex-presidente Lula e de fragilidade das contas externas. "Temos hoje uma situação de estresse no mercado comparável à de 2002. As tentativas de ir por uma rota mais saudável foram dinamitadas pela pandemia e pelas decisões de usar muito o fiscal para sustentar a economia", afirma Zanini. "Isso resulta em juros altos para tentar conter o processo inflacionário e a desvalorização da moeda."

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