A diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Central, Carolina Barros, destacou nesta quinta-feira a melhoria "substancial" no Brasil das dimensões e uso da inclusão financeira dos últimos anos. Ela salientou, porém, que o crescimento ao acesso não ocorreu com qualidade. "O resultado é uma consequência adversa e colateral chamada superendividamento, e não podemos, simplesmente, fechar os olhos para tanto", afirmou.
A inclusão financeira, segundo a diretora, é um instrumento-chave na redução de desigualdades, atua para minimizá-las, melhorando a vida financeira da população. A fala de Carolina Barros foi feita durante a abertura do debate sobre financiamento para micro e pequenas empresas por meio de políticas, inovação e parcerias.
O evento, promovido pelo BC, o Sebrae e o IFC/SME, ocorre às margens da reunião da Global Partnership for Financial Inclusion (GPFI), integrante da trilha financeira do grupo das 20 maiores economias do globo (G20), em Brasília.
Ela lembrou que o lema da presidência brasileira no G20 é "Construindo um mundo justo e um planeta sustentável". "Quando olhamos para a evolução global da inclusão financeira tanto das pessoas quanto das micro, pequenas e médias empresas, os chamados pequenos negócios, observamos enorme progresso no acesso e uso, mas também é fato que a inclusão vem ocorrendo de forma muito heterogênea", pontuou.
A diretora ressaltou que os entraves para a inclusão financeira não estão relacionados apenas ao aumento do acesso e do uso dos produtos e serviços financeiros, mas também à qualidade com que esses produtos e serviços são ofertados e utilizados pelos clientes do sistema financeiro. "São necessários esforços contínuos para uma compreensão ampla dos entraves ainda existentes e para o desenvolvimento de políticas que possam mitigar esses mesmos obstáculos", disse.
A questão do superendividamento, conforme Carolina Barros, está diretamente relacionada com os pequenos estabelecimentos, tema do encontro desta quinta-feira no BC. Ela salientou que o segmento responde por 90% de todos os negócios do mundo, empregando mais de 50% da população mundial.
"Especificamente, no caso do Brasil, estamos falando de 75% da força de trabalho, cerca de 30% do PIB (Produto Interno Bruto) do País, se considerarmos apenas as atividades formais. Se somarmos os pequenos negócios informais, é bem provável que cheguemos à metade do PIB", cogitou Carolina.
Neste cenário, de acordo com a diretora, é fundamental garantir que essas empresas tenham acesso a produtos e serviços financeiros adequados para as suas necessidades, em especial aquelas relacionadas com financiamento.
Ela acrescentou que a utilização de tecnologia tem se mostrado como um caminho eficiente e promissor para a oferta desses produtos e serviços financeiros, e citou o exemplo do Pix no Brasil. "A participação dos pequenos negócios na economia brasileira é definitiva, faz toda a diferença. Seu exitoso funcionamento é importante para o País, para o Banco Central e para a presidência brasileira no G20."
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