O Departamento de Energia dos EUA (DOE) está promovendo uma iniciativa para fortalecer a cadeia de suprimentos de baterias nos EUA, e anunciou um subsídio de até US$3,5 bilhões (R$17 bilhões) para empresas que produzem baterias e os minerais críticos que as compõem. As baterias são consideradas uma saída importante para a questão climática porque podem ser usadas em carros, que são uma das grandes causas das mudanças climáticas por queimarem gasolina. Elas também são uma saída para armazenar energia limpa produzida por painéis solares ou turbinas eólicas, permitindo que as usinas termelétricas a gás ou carvão, que causam mudanças climáticas, sejam desligadas. As baterias de íons de lítio são atualmente o tipo predominante tanto para veículos elétricos, quanto para armazenamento de energia limpa. O DOE quer fortalecer o suprimento porque embora exista muita atividade em curso para desenvolver alternativas, o órgão estima que a demanda por baterias de lítio aumentará cerca de dez vezes até 2030. O governo Biden-Harris tem o objetivo de reduzir a zero a poluição causadora das mudanças climáticas até 2050, e de converter metade das vendas de carros novos para veículos elétricos até 2030.
Algumas autoridades, especialistas do setor e outras pessoas preocupadas com as mudanças climáticas demonstram preocupação de que o fornecimento de insumos para as baterias não consiga acompanhar a demanda. Outros se preocupam que boa parte do setor esteja ancorada na Ásia. Jodie Lutkenhaus, professora de engenharia química na Universidade A&M do Texas, diz que está acompanhando de perto a produção e a fabricação de baterias nos EUA. "Estou preocupada com a possibilidade de que não consigamos nos recuperar do atraso e acabemos na mesma situação em que estamos atualmente no setor de semicondutores", diz. Quando as linhas de montagem pararam durante a pandemia, isso paralisou a fabricação na Ásia, resultando em uma escassez global de microchips que afetou a disponibilidade de veículos e produtos eletrônicos. "O mesmo pode acontecer com as baterias se não diversificarmos os locais de produção e de obtenção dos materiais", diz Lutkenhaus. "É essencial que os EUA façam parte da produção e da fabricação de baterias, para que possamos escapar da escassez global de baterias, caso ela aconteça."
Rodada inicialA Lei Bipartidária de Infraestrutura destinou US$ 6 bilhões (R$ 30 bilhões) em financiamento total para processamento e fabricação de materiais para baterias. Uma rodada inicial contemplou 15 projetos, incluindo empresas de extração de minerais críticos como grafite e níquel, usados nas baterias de lítio. A segunda rodada irá financiar empresas semelhantes, mas também aquelas que empregam produtos químicos alternativos, como baterias de fluxo e de sódio. Funciona da seguinte forma: uma empresa pode pretender construir uma fábrica de materiais catódicos para carros elétricos. Ela determina o custo de construção das instalações, e se compromete a cobrir metade desse custo, e o subsídio do governo cobre a outra metade, se a empresa for selecionada. A Albemarle, uma grande empresa produtora de lítio, recebeu financiamento na primeira rodada para suas instalações em Kings Mountain, no estado americano da Carolina do Norte, onde o lítio é processado a partir de minério extraído no mundo inteiro. A empresa informou que, além dos veículos elétricos, a demanda pelo lítio também vem de produtos eletrônicos como dispositivos médicos e smartphones. Por e-mail, disse que, sem o financiamento do DOE, o projeto "provavelmente teria avançado em um cronograma diferente". Embora para eles o financiamento possa não ter sido decisivo, Matthew McDowell, professor associado de engenharia no Instituto de Tecnologia da Geórgia, diz que a Lei Bipartidária de Infraestrutura e a Lei de Redução da Inflação transformaram "drasticamente" o setor de fabricação de baterias dos EUA nos últimos três anos. Ele diz que está animado com a próxima geração de baterias para armazenamento de energia limpa, que inclui baterias de estado sólido, que teriam potencial de armazenar mais energia que os íons de lítio.
Tom Moerenhout, professor do Centro de Políticas de Energia Global da Universidade de Columbia, diz que será um grande desafio ampliar o fornecimento global de minerais críticos para a demanda projetada de baterias em 2030. "É muito grande, chega a ser assustador", diz, observando que uma mina nova leva em média 16 anos até iniciar a produção comercial. Porém, com o aumento do preço do lítio, segundo Moerenhout, tipos alternativos de baterias se tornam mais atraentes. Um dos tipos que ele espera que ganhem espaço são as baterias de íons de sódio, para reforçar a rede de distribuição de energia. "O potencial é enorme", diz, porque elas são seguras e acessíveis. As empresas americanas podem solicitar financiamento até meados de março.
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