O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu nesta quinta-feira, 29, ser difícil especular sobre mudanças no regime de metas antes de a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) acontecer. Segundo ele, em pauta no encontro desta quinta está qual será a meta de 2026 e se a meta será por ano fiscal ou contínua.
Para Campos Neto, mais importante que o nível da meta, é o impacto da decisão sobre as expectativas.
"Foram feitos estudos desde 2017 que mostram que ter uma meta contínua de inflação gera mais eficiência. Houve momentos em que o governo tomou medidas especificamente para encaixar meta dentro de um ano fiscal. Se fosse uma meta contínua, talvez pudéssemos ter feito um ciclo mais suave, sem essas medidas", detalhou o presidente do BC.
Campos Neto destacou que ainda é necessário debater como seria feita a aferição dessa meta contínua. "Esse é um aprimoramento, mas precisamos entender como será feita a medição e a justificação em relação a isso. Se precisar ter um monte de cartas, acaba tirando a flexibilidade, ao invés de aumentar", completou.
O presidente do Banco Central disse que considera a mudança para uma meta de inflação contínua, em substituição ao sistema de ano-calendário, um avanço interessante, que seria um sistema eficiente. "Grande parte dos países não têm meta ano-calendário. Ano-calendário foi importante no início, era forma de auferir a meta no curto prazo. A gente entende que avançou no processo e vê como um aperfeiçoamento", disse, citando o estudo feito no passado pelo BC sobre a meta contínua.
Campos Neto disse que ainda não teve acesso ao texto do CMN sobre a meta. Na quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que vai pautar a mudança para meta contínua e que seriam discutidos os prazos.
Ainda sobre o debate da meta, especialmente sobre a mudança do nível, o presidente do BC voltou a destacar que é preciso ter cautela, porque, se aumentar, pode passar mensagem de conivência com inflação mais alta, o que afetaria as expectativas na mesma direção. "Se passar mensagem pro mercado de que aceita viver com inflação mais alta, as expectativas vão para nova meta."
Sobre o cenário, Campos Neto repetiu que as notícias boas no curto prazo, com a desinflação acontecendo. "O que importa para o BC é como conjunto de variáveis gera desinflação."
Questionado sobre se a meta de inflação brasileira é muito baixa, o presidente do Banco Central disse que a discussão sobre o assunto ocorre no mundo todo em meio à inflação resiliente em diversos assuntos. Segundo Campos Neto, a tema da meta é algo que sempre se deve debater.
A meta de inflação está estabelecida para os anos de 2023 a 2025. Para este ano, a meta é de 3,25% e para o ano que vem e 2025 é de 3,0%, todas com intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima e para baixo.
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