O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu nesta terça-feira, 25, que o custo que combater a inflação no curto prazo é alto, mas que o custo de não combater é maior e perene. "É muito difícil trazer a inflação para baixo sem gerar nenhuma desaceleração na economia. Mas tentamos trazer o mínimo de custo para sociedade. Temos que tentar otimizar isso com o menor custo", afirmou, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
Campos Neto defendeu que haja equilíbrio fiscal e social - como propõe o governo -, mas lembrou que o volume de recursos é limitado.
Segundo ele, se o mercado passar a entender que haverá uma trajetória explosiva para a dívida, o governo passará a ter dificuldades em se financiar. "É preciso fazer social de forma responsável", completou.
Juro real
Questionado por parlamentares da base do governo sobre o alto patamar da Selic, o presidente do Banco Central repetiu também que a diferença para os juros de outros emergentes hoje é menor que no passado. "O juro real no Brasil foi muito mais alto e por muito mais tempo, inclusive quando ninguém no mundo praticava um juro tão alto. Agora estamos próximos de México, Colômbia e Chile", rebateu.
Segundo o presidente do BC, a autoridade monetária tem trabalhado em algumas causas estruturais do juro real alto no Brasil, mas sinalizou que esse trabalho não cabe apenas à instituição. "Reformas e equilíbrio fiscal ajudam muito a reduzir juro real. Há uma conexão grande entre contas públicas em ordem e expectativas de inflação", reafirmou. "Em momento que tivemos choque de credibilidade positiva no fiscal, tivemos choque de melhor nas expectativas para o IPCA", acrescentou.
Confrontado pela pequena quantidade de bancos no Brasil, Campos Neto avaliou a quebra de bancos médios nos Estados Unidos deve gerar concentração naquele mercado e lembrou das iniciativas do BC para fomentar novos entrantes do sistema financeiro brasileiro. "Aqui estamos desconcentrando o mercado", completou.
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