As festas de fim de ano não foram suficientes para levar o otimismo aos comerciantes, e o pessimismo no mês de novembro no comércio - materializado nos fracos resultados da Black Friday - persistiu em dezembro, acendendo a luz amarela para 2024, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A CNC apurou queda de 1,4% no Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) neste mês contra o anterior. Ante dezembro do ano passado, o recuo foi de 13,2%. Em dezembro, quarto mês consecutivo de queda do Icec - descontando os efeitos sazonais -, o indicador atingiu 108,9 pontos, dentro da zona de satisfação (acima de 100 pontos), ante 110,3 pontos em novembro. A queda persistente pode ser explicada pelas incertezas quanto à possibilidade de aumento da carga tributária, devido à reforma, e sinais de atividade econômica mais desafiadora para 2024, disse a CNC. A principal contribuição para o recuo na confiança dos empresários foi em relação às condições atuais da economia, com queda de 3,1% em relação ao mês anterior, influenciado pelas sucessivas revisões para baixo para a atividade econômica de 2023, feitas pelo mercado, conforme os últimos relatórios do Boletim Focus, do Banco Central. Desde julho, quando o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou o crescimento da economia brasileira para 3,1% em 2023, as perspectivas de crescimento se deterioram sucessivamente, chegando ao consenso de que o País não cresceria mais do que 2,8%, analisou a Confederação Nacional do Comércio. "As quatro quedas consecutivas na expectativa para a economia nos próximos meses acendem a luz amarela quanto às perspectivas do setor pela ótica do empresário", frisou a entidade. Conforme a pesquisa, 6 em cada 10 empresários percebem piora no desempenho das vendas, atingindo o pior porcentual desde junho de 2021. "O resultado frustrante da Black Friday de 2023 materializa o pessimismo refletido nas pesquisas da CNC." Embora os subindicadores referentes às análises atuais e futuras tenham permanecido com taxas negativas, a retração foi mais amena em dezembro, com a expectativa para a economia sendo o único item que obteve uma retração maior do que em novembro (-0,7%). As festas de fim de ano não foram suficientes para levar ao otimismo, apenas amenizando o cenário econômico desafiador observado anteriormente. A desaceleração no crescimento do comércio ampliado em relação aos resultados de 2022, registrada de agosto a outubro na Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, corrobora o resultado mais moderado da expectativa econômica no Icec. As perspectivas dos varejistas para a dinâmica da economia, do comércio e da própria empresa para os próximos seis meses recuaram 0,4%, a melhor taxa desde agosto, quando houve crescimento de 0,1%.
Com os juros em patamares ainda elevados, a inadimplência das empresas atingiu o maior nível desde junho de 2018 (3,5%). As taxas à pessoa jurídica arrefeceram em outubro, mas ainda estão quase 0,5 ponto porcentual acima do registrado em outubro de 2023, disse a CNC. Diante deste fator, somado à menor intenção de consumo e percepção em relação ao comércio, os varejistas reduziram em maior grau a intenção de investir na própria empresa (-1,4% em dezembro). A contratação de funcionários registrou o pior resultado (-2,3%). Com isso, 32,7% dos comerciantes pretendem reduzir suas contratações nos próximos meses. É o maior porcentual desde agosto, o que pode indicar que poucas vagas temporárias devem ser efetivadas. O único componente positivo foi o referente à avaliação dos estoques, que ficou estável em dezembro. "Isso porque os empresários precisam ser ainda mais cuidadosos em seus pedidos, para não desperdiçarem recursos. A frustração no desempenho da Black Friday deste ano colocou o varejo numa situação mais estocada, trazendo desafios para performar os estoques represados e cumprir as agendas de reposição destes com os fornecedores", analisou a CNC. A confiança do empresário do comércio piorou em dezembro para os três grupos de lojas do varejo pesquisados. Nas séries com ajuste sazonal, a confiança do comércio de produtos de primeira necessidade teve a menor queda mensal (-0,2%), comparativamente aos outros dois grupos (-0,7% em duráveis, -1,6% em semiduráveis). Em relação à percepção da economia atual, item de maior destaque negativo, o segmento com maior impacto foi de supermercados, farmácias e perfumaria, com queda de 8,7%. O dado é compatível com o aumento nos preços dos alimentos, que possuem grande peso na cesta básica do consumidor.
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