Apoiada em Vale (ON +2,84%) e no setor metálico - com destaque para CSN ON (+3,02%) -, o Ibovespa voltou a oscilar levemente para cima nesta quarta-feira, 11, em alternância de ganhos e perdas nas últimas cinco sessões, em quatro das quais permaneceu trancado na linha de 134 mil pontos nos fechamentos, saindo dos 136,5 mil no encerramento da última quinta-feira, dia 5. Para analistas, ao sustentar a linha de 134 mil pontos, a lateralização do Ibovespa no intervalo mostra a resiliência do índice à pressão observada no câmbio, quase a R$ 5,65, em nível elevado.
Nesta quarta, o índice ficou entre mínima de 133.756,97 e máxima de 135.087,32, vindo de abertura aos 134.318,66 pontos. Ao fim, mostrava alta de 0,27%, a 134.676,75 pontos, com giro ainda moderado, a R$ 18,8 bilhões. Na semana, o Ibovespa tem leve alta de 0,08% e, no mês, ainda recua 0,98%. No ano, avança 0,37%.
A Vale informou que revisou projeções, indicando agora que a produção de minério de ferro em 2024 será de 323 milhões a 330 milhões de toneladas. Segundo a empresa, a atualização se deve à desconsolidação de PTVI após desinvestimento parcial em junho de 2024. Em geral, a atualização dos números, com revisão para cima na produção de minério, foi bem recebida pelos investidores em dia no qual os preços da commodity avançaram quase 2,5% em Cingapura e pouco mais de 1% em Dalian, na China - ainda abaixo de US$ 100 por tonelada, em ambos os mercados.
O dia foi de recuperação parcial também para os preços do petróleo, em alta na casa de 2% para o Brent e o WTI na sessão, acompanhada ao longe pelas ações de Petrobras, com a ON em leve avanço de 0,44% e a PN, em baixa de 0,11% no fechamento. A sessão foi majoritariamente negativa para as ações de grandes bancos, à exceção de Itaú (PN +0,19%) e Banco do Brasil (ON +0,03%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, Yduqs (+8,03%), Cogna (+6,72%) e Carrefour (+6,19%). No lado oposto, IRB (-4,61%), BRF (-2,68%) e Caixa Seguridade (-2,58%).
"A leve alta do Ibovespa, hoje, foi muito calcada no setor metálico, em especial Vale, com a revisão das projeções da empresa sobre a produção de minério de ferro e a alta nos preços da commodity na sessão asiática", diz Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos. Ele considera que o Ibovespa tende a permanecer na faixa de 133,5 mil a 135,5 mil pontos até a definição sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos na próxima quarta-feira, dia 18.
Destaque da agenda norte-americana neste meio de semana, a leitura sobre a inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) em agosto, divulgada pela manhã, não coloca fim à incerteza sobre se o Federal Reserve optará por um corte de 0,25 ou de meio ponto porcentual na abertura do ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos, na próxima semana, avalia Harada - que, como a maioria (85% das apostas, segundo a CME), aguarda um início cauteloso para o Fed, com uma redução de 0,25 ponto.
"O dia foi positivo para as bolsas americanas, em particular para o Nasdaq índice de tecnologia, considerado mais sensível à perspectiva de curto prazo para os juros, em alta de 2,17% no fechamento da sessão em Nova York", observa Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas.
"O número cheio do CPI veio relativamente em linha com as expectativas, mas com composição que trouxe o núcleo de inflação um pouco mais pressionado do que o esperado", acrescenta o economista, referindo-se ao núcleo do índice, que não inclui itens considerados mais voláteis, como preços de alimentos e energia. "Porém, não coloca em xeque o processo de corte de juros nos Estados Unidos, que deve começar mesmo em setembro, provavelmente de forma mais contida, com ajuste de 0,25 ponto porcentual, do que com corte de meio ponto porcentual", ressalva.
O índice de preços ao consumidor nos EUA subiu 0,2% em agosto ante julho, segundo dados com ajustes sazonais publicados pelo Departamento do Trabalho. Na comparação anual, o avanço foi de 2,5% em agosto. Analistas consultados pelo Projeções Broadcast esperavam altas de 0,2% e 2,6%, respectivamente. No mês anterior, o CPI dos EUA tinha avançado 0,2%, em julho ante junho, e 2,9% na taxa anual, reportam os jornalistas André Marinho e Laís Adriana, do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
"O tão aguardado ciclo de corte de juros na maior economia do mundo deve trazer fluxo comprador para a bolsa brasileira, e também para títulos de renda fixa nacionais, em busca de rentabilidades maiores", aponta Felipe Castro, sócio da Matriz Capital, referindo-se à circunstância de juros tendendo a cair nos Estados Unidos e ainda a subir no Brasil, com atuação do BC sobre a Selic aguardada para as próximas reuniões do Copom.
Contudo, o fluxo estrangeiro para a B3, que havia mostrado recuperação em agosto - apenas o segundo mês de ingresso líquido no ano - e sido fundamental então para que a Bolsa fechasse em nível recorde no último dia 28, aos 137 mil pontos, dá sinais de esmorecimento neste começo de setembro, em que o câmbio tem se mostrado pressionado e em que também perdura grande incerteza sobre quem sairá vencedor na eleição presidencial dos Estados Unidos.
Nesse contexto, no mês de setembro até o dia 9, houve retirada de R$ 1,59 bilhão, resultado de compras acumuladas de R$ 61,058 bilhões e vendas de R$ 62,648 bilhões. Em 2024, o capital externo ainda está negativo em R$ 28,147 bilhões.
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