O Ibovespa acentuou máximas no meio da tarde, contando desde cedo com impulso do setor metálico, em especial da ação de maior peso individual no índice da B3, Vale ON, que avançou 6,01%. A sessão desta quinta-feira foi positiva para o minério de ferro na China e em Cingapura, de volta à casa de US$ 100 por tonelada, mas negativa para o Brent e o WTI, em Londres e Nova York, o que colocou Petrobras (ON -2,10%, PN -2,16%) na defensiva nesta quinta-feira. O cabo de guerra entre os pesos-pesados do Ibovespa inclinou o índice para cima, em dia no qual contou também com bom apoio do setor financeiro, de nomes como Itaú (PN +1,27%) e Bradesco (ON +2,09%, PN +2,56%).
Se, por um lado, o minério de ferro seguiu em alta nesta quinta-feira com o entusiasmo em torno dos estímulos chineses, por outro o petróleo retrocedeu mais de 2% em Londres e Nova York, ante receios de que grandes exportadores, como a Arábia Saudita, venham a aumentar a produção da commodity.
No fechamento, o Ibovespa mostrava ganho de 1,08%, aos 133.009,78 pontos, entre mínima de 131.593,50 e máxima de 133.312,77 pontos na sessão, em que saiu de abertura aos 131.595,04 pontos. O giro financeiro foi a R$ 27,2 bilhões. Na semana, o Ibovespa avança 1,48%, ainda cedendo 2,20% no mês e 0,88% no ano.
"Desde que emergiram novos estímulos à economia na China, o setor metálico tem mostrado forte reação, e pelo peso que o segmento, em especial Vale, possui no Ibovespa, o índice vem acompanhando essa melhora após ter tocado os 130,5 mil pontos no fechamento da última segunda-feira", aponta Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos, referindo-se ao menor nível de encerramento para o índice desde 8 de agosto.
De segunda-feira para cá, foram três sessões, com duas em alta pouco acima de 1% para o Ibovespa, entremeadas por uma baixa de 0,43%, na quarta-feira. "Há muita cautela ainda com a situação fiscal doméstica, e o fluxo estrangeiro para a B3, em setembro, ainda não mostrou o que se viu na recuperação de julho e agosto. Há muitas variáveis para destravar fluxo para as ações, apesar dos descontos que ainda existem na B3", diz Harada, que vê espaço para o Ibovespa levar a retomada um pouco adiante, até a resistência dos 134,9 mil pontos.
Nesta quinta-feira, com a alta de 6%, o avanço de Vale na semana chega a 12% e, no mês, a quase 8%. Outras ações do setor metálico também mostram desempenho robusto no mesmo intervalo, como CSN ON, que sobe mais de 19% na semana e cerca de 12% no mês. Na sessão desta quinta-feira, além de Vale, de CSN (+8,95%), CSN Mineração (+6,67%) e de Bradespar (+6,45%), destaque também para Azul (+10,00%) e Cogna (+7,20%), na ponta do índice. No lado oposto, Brava (-6,54%), Prio (-4,84%) e Vivara (-3,13%).
"China trouxe injeção de US$ 142 bilhões para os bancos estatais, em suporte à economia do país e para que se atinja a meta de crescimento: é o maior pacote desde 2008", resume Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
Metais como ouro, cobre e prata seguiram em alta nesta quinta-feira, refletindo não apenas perspectiva mais favorável sobre a segunda maior economia do mundo, mas também as tensões geopolíticas e o viés de baixa para os juros de referência americanos - este com efeito para o dólar, que tem se acomodado a níveis menores.
Nesta quinta-feira, a moeda dos Estados Unidos fechou em baixa de 0,57%, a R$ 5,4447. Apesar da cautela ainda derivada do fiscal, algumas boas novas têm contribuído para firmar sentimento um pouco mais favorável em relação a ativos brasileiros, como as revisões, para cima, nas projeções de crescimento da economia em 2024. Pela manhã, o Banco Central revisou, de 2,3% para 3,2%, a projeção de crescimento do PIB em 2024, no relatório trimestral de inflação (RTI).
Nesse contexto, a Bolsa recuperou toda a queda do pregão anterior e foi além da máxima intradia dos quatro pregões anteriores, "o que demonstra possível retorno de força compradora", diz Inácio Alves, analista da Melver, destacando também os quatro pregões consecutivos de alta para o principal papel da B3, Vale ON.
"A grande notícia continua a ser o 'pacotaço' de incentivos da China, com o detalhamento das informações e dos recursos para estimular a economia, que envolvem também cortes de impostos para estimular o consumo e os setores de infraestrutura e imobiliário", com reflexo direto para a precificação de ativos brasileiros, como os do setor metálico, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.
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