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Com Powell, Ibovespa modera perdas e cede 0,18%, aos 127,3 mil pontos

A boa recepção inicial às palavras desta quarta-feira do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, retiraram o Ibovespa de perdas em torno de 0,8% no começo da tarde para fechamento ainda negativo, embora mais acomodado - em dia no qual o índice não c

Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)

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Escrito por Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)
Publicado em 03.04.2024, 17:44:00 Editado em 03.04.2024, 17:53:11
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A boa recepção inicial às palavras desta quarta-feira do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, retiraram o Ibovespa de perdas em torno de 0,8% no começo da tarde para fechamento ainda negativo, embora mais acomodado - em dia no qual o índice não conseguiu acompanhar o sinal de Nova York desde cedo. Ao fim, a referência da B3 mostrava baixa de 0,18%, a 127.318,39 pontos, enquanto o desempenho de NY também perdeu força em direção ao fechamento, entre -0,11% (Dow Jones) e +0,23% (Nasdaq). O dólar, por sua vez, cedeu hoje 0,35%, a R$ 5,0405.

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Ontem, o Ibovespa havia avançado na contramão de Nova York com o impulso proporcionado pelas gigantes das commodities, Vale e Petrobras, que hoje fecharam em baixa: a ação da mineradora (ON) caiu 1,44% e as da petrolífera recuaram 0,78% (ON) e 0,52% (PN). Em Qingdao (China), o minério de ferro fechou a quarta-feira abaixo de US$ 100 por tonelada, no menor nível desde maio de 2023.

O petróleo, por sua vez, voltou a subir hoje, ainda que moderadamente, em Londres e Nova York, mas as ações da estatal não conseguiram acompanhar o movimento, em meio à retomada de ruídos em torno da permanência, ou não, de Jean Paul Prates à frente da empresa. De acordo com relato do jornal Folha de S. Paulo, voltaram a circular nos bastidores novos nomes para possível substituição de Prates na presidência da Petrobras, entre os quais Bruno Moretti e Magda Chambriard.

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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta quarta-feira à Folha que existe uma divergência com o presidente da Petrobras, mas que tal diferença é salutar. Segundo Silveira, o conflito ocorre pelas características dos papéis de ambos, em suas respectivas funções.

Apesar do sinal negativo de Vale e Petrobras na sessão, setores como o siderúrgico e o de utilities deram contribuição favorável nesta quarta-feira, assim como alguns grandes bancos, como Bradesco (ON +2,30%, PN +1,97%) e Banco do Brasil (+0,39%). No setor metálico, destaque para Gerdau (PN +0,89%, na máxima do dia no fechamento) e entre as utilities, para Eletrobras ON (+0,32%).

Na ponta ganhadora do Ibovespa na sessão, destaque para a recuperação de PetroReconcavo após o tombo de 9% no dia anterior, em meio à aproximação entre 3R Petroleum e Enauta para uma junção de negócios. Hoje, PetroReconcavo subiu 4,60%, à frente da própria 3R Petroleum (+3,78%) e de Natura (+3,54%). No lado oposto, Soma (-6,85%), Arezzo (-6,18%) e Cogna (-5,53%). O giro na B3 ficou em torno de R$ 22 bilhões no fechamento. Na semana, o Ibovespa cai 0,61% e, no ano, cede 5,12%.

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Desde o exterior, em meio à recente pressão sobre os rendimentos dos Treasuries, as atenções se voltaram ainda no começo da tarde a novas declarações de Jerome Powell. Ele reconheceu mais uma vez que a inflação caiu significativamente nos Estados Unidos, mas permanece acima da meta, e que o trabalho de fazer com que retorne à referência de 2% ao ano ainda não terminou.

Powell disse também que a política monetária pesa sobre a demanda, sobretudo nos serviços, mas que dados recentes sobre emprego e inflação vieram acima do esperado. "Reduzir juros cedo demais pode reverter progressos contra inflação", observou também o presidente do BC americano. Por outro lado, ele apontou que um "corte tardio de juros poderia enfraquecer a economia e o emprego". "Tomaremos decisões reunião a reunião", reiterou.

"A cautela deu o tom hoje, desde cedo, com a expectativa para as falas do Roberto Campos Neto, presidente do BC, e do Powell, lá fora. Havia uma luz de aversão a risco acesa, mas superada a expectativa para as duas falas chegou a haver melhora, que não se sustentou em direção ao fechamento", observa Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. "Mercado muito ligado ainda ao movimento das Treasuries, com implicação para a curva doméstica, em abertura."

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A princípio, o mercado viu bem o sinal de Powell de que ainda é apropriado cortar juros nos Estados Unidos este ano mesmo com a economia aquecida, aponta Leandro Petrokas, diretor de Research e sócio da Quantzed, o que contribuiu para a virada do real, que passou a se apreciar frente ao dólar na sessão, enquanto os rendimentos das T-notes de 10 anos também se afastavam das máximas do dia.

Contudo, "o momento ainda é de inclinação nas curvas de juros, nos Estados Unidos e também no Brasil, e o dólar mantém a tendência de apreciação frente ao real", diz Lucas Serra, analista da Toro Investimentos, destacando o escrutínio que o mercado tem exercido sobre as falas de autoridades do Federal Reserve, como Powell, enquanto emergem dúvidas quanto ao início do processo de redução dos custos de crédito nos EUA - que vinha sendo precificado ultimamente para junho, após a frustração da expectativa que prevalecia no fim de 2023 para março.

"Pela manhã, os dados sobre geração de emprego no setor privado dos Estados Unidos, da ADP, vieram bem acima do esperado para março, contribuindo para essa cautela dos investidores observada desde cedo, mesmo com a revisão dos dados de fevereiro para baixo", diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research.

No quadro mais amplo, a combinação de real depreciado com curva de juros em alta, aqui e no exterior, é deletéria para o apetite por risco em ações listadas na B3, que já haviam sofrido o impacto, ao longo do primeiro trimestre, dos saques líquidos que se acumularam entre os investidores estrangeiros. Ainda assim, caso o crescimento doméstico se sustente e venha a se acelerar, há espaço para que os investidores voltem a escolher ações cíclicas nos próximos meses, argumenta Mateus Haag, analista da Guide Investimentos, em nota.

"A queda dos juros Selic é um fator que pode acelerar o crescimento nos próximos meses: historicamente, a atividade econômica reage ao corte de juros com 6 a 12 meses de 'atraso'. Ou seja, com o início do corte de juros no 3T23, o crescimento deveria acelerar, principalmente, na segunda metade de 2024 - ou seja, em breve", aponta o analista, destacando alguns nomes associados ao ciclo doméstico, e com "bons fundamentos", cujas ações podem ser beneficiadas pela aceleração do crescimento econômico, como BTG Pactual, Itaú, Lojas Renner e Assai.

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