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Com Petrobras e payroll, Ibovespa cai 0,5% no dia, a 126,7 mil, e cede 1% na semana

A primeira semana de abril foi de alternância de perdas e ganhos na B3 em base diária, com a inclinação negativa se impondo ao Ibovespa no intervalo, em meio a sinais de que os juros tendem a demorar um pouco mais a cair nos Estados Unidos, ante economia

Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)

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Escrito por Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)
Publicado em 05.04.2024, 17:57:00 Editado em 05.04.2024, 18:02:35
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A primeira semana de abril foi de alternância de perdas e ganhos na B3 em base diária, com a inclinação negativa se impondo ao Ibovespa no intervalo, em meio a sinais de que os juros tendem a demorar um pouco mais a cair nos Estados Unidos, ante economia ainda aquecida, e ruídos domésticos que afetam diretamente a precificação de Petrobras, além das incertezas sobre a economia chinesa que pressionam o minério e as ações da Vale.

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Nesta sexta-feira, o Ibovespa oscilou dos 126.394,13 aos 127.432,20 pontos, e fechou em baixa de 0,50%, aos 126.795,41, saindo de abertura aos 127.421,74 pontos. Na quinta, chegou a romper o limiar de 129 mil pontos na máxima do dia, mas com o recuo desta sexta-feira encerra a semana com perda de 1,02% no período, após ganhos de 0,85% e de 0,23% nas semanas anteriores. O giro desta sexta-feira ficou em R$ 20,7 bilhões, após ter chegado a R$ 31 bilhões na quinta. No ano, o Ibovespa cai 5,51%.

O dado mais aguardado da semana veio nesta sexta: o relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos em março, com geração de vagas acima do esperado, o que corrobora a impressão de que a maior economia do mundo se mantém aquecida. Tal percepção, com efeito para a precificação do momento em que os juros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) começarão a cair, deu gás a novo avanço dos rendimentos dos Treasuries - ainda assim, os índices de ações também subiram nesta sexta, entre 0,80% (Dow Jones) e 1,24% (Nasdaq), em Nova York.

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No payroll de março, houve crescimento significativo no número de vagas criadas, mas, no que diz respeito à renda salarial, "fator que terá um impacto significativo sobre as decisões do BC americano, não houve uma pressão relevante", destaca o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz. "O crescimento salarial foi de 4,1% na comparação anual, o nível aproximadamente esperado, o que significa que tanto a criação de vagas quanto os salários não apresentaram crescimento capaz de indicar uma retomada expressiva", acrescenta.

"A queda de juros nos Estados Unidos deve vir neste ano, mas pode ser que não no primeiro semestre. O adiamento do momento de queda dos juros pode desanimar os investidores de curto prazo. Porém, para os de longo prazo, é momento para se posicionar em boas empresas que estão em promoção", diz a analista-chefe da Money Wise Research, Cleide Rodrigues.

A geração de vagas de trabalho nos Estados Unidos veio bem acima do que o mercado projetava: 303 mil vagas, com consenso a 200 mil para o mês. "Surpreendeu e demonstra que o mercado de trabalho ainda está muito aquecido, e isso pode se refletir na inflação, tornando-a mais persistente. Corrobora os últimos discursos de dirigentes do Fed, nesta semana, de que o juro neutro por lá deve ser maior do que o esperado", observa Andre Fernandes, sócio da A7 Capital.

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Na B3, as ações da Petrobras chegaram a se alinhar, em parte da sessão, a novo avanço nos preços do Brent em Londres, com as tensões no Oriente Médio recolocando o barril da referência global de petróleo a US$ 91. Mas, após oscilarem ao sabor do noticiário sobre a gestão da empresa, e mostrar alta acima de 1% na PN perto do fechamento, o sinal ao fim foi misto (ON -0,20%, PN +0,58%).

Os investidores seguem monitorando os sinais de desgaste do presidente da estatal, Jean Paul Prates, junto ao governo. No início da próxima semana, deve haver o aguardado encontro entre Prates e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estaria irritado com a disputa pública entre o dirigente e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Prates, contudo, teria a seu favor, para permanecer no cargo, o apoio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que teria olhar para o bom desempenho financeiro e operacional da empresa na atual gestão.

Uma solução de compromisso, de distribuição parcial dos dividendos extraordinários que haviam sido retidos na Petrobras, estaria sendo articulada dentro do governo. Após a divulgação que veio a ser desautorizada ainda na quinta-feira, de que 100% do valor retido seria liberado, trabalha-se com a ideia de uma liberação parcial, de 50%.

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Em fritura pública, Prates faltou à reunião extraordinária do Conselho de Administração na tarde desta sexta-feira. Mas a distribuição de dividendos extraordinários não esteve na pauta do encontro, segundo a Petrobras - que acrescentou que Prates deixou voto sobre a troca de gerências consignado com o secretário-geral. Segundo a empresa, no mesmo horário, Prates tinha outras reuniões - por isso, ausentou-se do encontro do conselho.

Cogitado desde a quinta-feira para o lugar de Prates na Petrobras, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, pode parar na presidência do Conselho de Administração da estatal, disseram aoBroadcast(sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) fontes com conhecimento do assunto. O desdobramento inesperado contribuiu para firmar sinal positivo nas ações da empresa, não sustentado ao fim.

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O arranjo estaria sendo construído nas últimas horas com o intuito de liberar o atual presidente da Petrobras para focar no operacional, enquanto Mercadante ocuparia assento no conselho para mediar conflitos entre a diretoria e demais integrantes indicados pelo governo. Se for à frente, a solução representaria uma reviravolta: Mercadante substituiria não Prates, mas Pietro Mendes, secretário-executivo de petróleo e gás do Ministério de Minas e Energia - e braço direito de Alexandre Silveira, um dos pivôs da crise.

Apesar do ambiente repleto de incertezas, o mercado elevou o otimismo sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. A avaliação se divide entre alta (60%) e estabilidade (40%) em relação ao comportamento do Ibovespa na próxima semana, sem nenhuma resposta indicando baixa. Na pesquisa anterior, 40% previam que o índice fecharia esta semana com ganhos, outros 40%, com variação neutra, e 20% restantes, com perdas.

Para além da Petrobras, a última sessão da semana foi negativa para outras ações e setores de peso no Ibovespa, como o metálico e o financeiro. Em relatório divulgado nesta sexta-feira, o Itaú BBA avalia que a demanda fraca no setor imobiliário chinês continua a prejudicar os preços do minério de ferro e do aço. No caso do minério, a commodity atingiu US$ 98,3 a tonelada nesta sexta-feira, nível 17% inferior ao registrado um mês atrás, destacou o banco. Vale ON fechou nesta sexta em baixa de 1,09% e as perdas no setor metálico chegaram a superar 2% no fechamento, em Usiminas (PNA -2,55%).

Na ponta perdedora do Ibovespa, destaque para PetroReconcavo (-4,27%), Magazine Luiza (-3,39%) e Rede D'Or (-3,18%). No lado oposto, IRB (+13,21%) com elevação de recomendação do Citi, de neutra para compra, à frente de Vibra (+1,56%) e de Locaweb (+1,35%) na sessão.

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