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Com Lula, Ibovespa cai 1,29%, a 113,3 mil no dia, e limita ganho da semana a 0,13%

A fala desconfiada do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a meta de déficit zero para as contas públicas em 2024 sobressaltou o mercado à tarde, invertendo o sinal do dólar e dos DIs futuros na sessão, carregando consigo o Ibovespa q

Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)

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Escrito por Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)
Publicado em 27.10.2023, 17:56:00 Editado em 27.10.2023, 18:01:44
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A fala desconfiada do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a meta de déficit zero para as contas públicas em 2024 sobressaltou o mercado à tarde, invertendo o sinal do dólar e dos DIs futuros na sessão, carregando consigo o Ibovespa que, até então, operava entre leves avanços e recuos nesta sexta-feira. Ao fim, o índice da B3 mostrava queda de 1,29%, aos 113.301,35 pontos, renovando mínimas do meio para o fim da tarde, o que limitou a alta da semana a 0,13%, após perda de 2,25% acumulada na anterior. No piso da sessão, o Ibovespa cedeu nesta sexta 1,59%, aos 112.953,38 pontos. No mês, o índice da B3 cai 2,80%, limitando o avanço do ano a 3,25%. O giro financeiro desta sexta-feira foi a R$ 23,0 bilhões. A queda do Ibovespa sucedeu alta de 1,73% na sessão anterior, que o havia devolvido aos 114,7 mil pontos. Em encontro nesta sexta-feira com a imprensa em Brasília, Lula, que completou nesta sexta 78 anos, afirmou que o mercado é "ganancioso" por cobrar meta de resultado primário do governo, a qual, segundo ele, não será cumprida por não fazer "sentido". A declaração - no mesmo dia em que o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, havia reiterado, de manhã, compromisso da equipe econômica com o cumprimento da meta - agitou a última sessão da semana, até então modorrenta. Aos jornalistas, Lula disse que eventual déficit primário de 0,25% ou 0,5% do PIB seria algo como "nada", e que o saldo do próximo ano "não precisa ser zero". Ele também indicou que não gostaria de iniciar o próximo ano cortando bilhões em obras "prioritárias" para o Brasil. O sinal de Lula vem na semana em que precisou trocar o comando da Caixa Econômica Federal para abrir mais espaço ao Centrão na base de apoio ao governo - em paralelo, a agenda econômica deu passos à frente na semana, na Câmara como no Senado. As palavras de Lula nesta sexta-feira foram vistas pelo mercado, majoritariamente, como um sinal contrário aos esforços empreendidos pela equipe comandada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. "É um tremendo desprestígio ao trabalho que o ministro está fazendo, buscando junto ao Congresso trabalhar o lado da receita e defendendo a meta zero como mecanismo de convergência entre as políticas fiscal e monetária", avalia o ex-secretário do Tesouro e sócio-fundador da Oriz Partners, Carlos Kawall, conforme relato do jornalista Cícero Cotrim, do

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, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. "A fala de hoje não é novidade para ninguém, apenas reforça o discurso de preservação dos investimentos públicos, em linha com as diretrizes do atual governo", contrapõe o economista-chefe da Warren Rena e ex-secretário da Fazenda de São Paulo, Felipe Salto, em nota. "As palavras do presidente deveriam ser na mesma direção, em apoio ao que o ministro Haddad tem buscado fazer. Haddad tem ajudado inclusive na interlocução com o Congresso. Nesta semana, houve avanços na pauta econômica, na Câmara e no Senado. E o que transparece, na fala do presidente, é a linha conhecida do PT, que se sabe de que forma trabalha com relação a gastos públicos", diz Cesar Mikail, gestor de renda variável da Western Asset. Ele observa que o ruído doméstico emerge em momento de forte volatilidade nos juros longos dos Estados Unidos, especialmente no vencimento de 10 anos, prazo no qual, nesta semana, as taxas tocaram a marca de 5% - o que espelha não apenas as dúvidas quanto ao espaço adicional para ajuste restritivo da política monetária nos EUA, como também algum incômodo do mercado com relação ao viés, ainda expansionista, da política fiscal por lá. "Além do que reflete a incerteza sobre até onde irá a alta de juros nos Estados Unidos, parte das empresas americanas, como visto nesta semana em números da Alphabet, do Morgan Stanley e do Goldman Sachs, apresentaram resultados trimestrais mais fracos, o que contribuiu também para que o S&P 500 perdesse o nível de 4,2 mil pontos. Há percepção de que uma demanda mais fraca dos consumidores, nesse ambiente de juros altos, esteja começando a bater nas empresas", acrescenta o gestor, observando também que os juros das hipotecas estão em níveis não vistos desde 2000. Outro fator de dúvida que tem se imposto desde o ataque do Hamas a Israel no último dia 7 é o efeito que o conflito, ainda sem desfecho previsível, trará aos preços do petróleo, uma das correntes de transmissão mais potentes quando se trata de inflação global. A principal incerteza ainda diz respeito a eventual envolvimento mais próximo do Irã junto aos seus aliados Hamas, em Gaza, e Hezbollah, no sul do Líbano, não apenas pelo papel do país persa na produção e exportação da commodity, como também pelo controle estratégico do Estreito de Ormuz, por onde passam cerca de 20% a 30% da oferta global de petróleo. A parte mais estreita da passagem marítima fica inteiramente em águas territoriais do Irã ou de Omã - o correspondente a 12 milhas náuticas em relação ao litoral de um país ou de outro, pelo direito internacional. Nesse contexto, em que o escrutínio dos resultados corporativos se combina ao acompanhamento de cenário macro volátil, especialmente no exterior, as ações de Petrobras (ON -0,72%, PN -0,73%) voltaram a se descolar nesta sexta do sinal do petróleo, em alta na casa de 2% para o Brent e o WTI na sessão, em semana na qual o mercado ponderou mudanças propostas ao Estatuto da empresa, consideradas com desconfiança pelo efeito que podem trazer à governança da estatal. Assim, na semana, Petrobras ON e PN cederam, respectivamente, 5,71% e 6,37% - acima de perdas na casa de 2% a 3% para o petróleo no mesmo intervalo. Mirando a perspectiva para a mineradora no quarto trimestre, em meio a alguns sinais mais favoráveis sobre a demanda asiática, a ação da Vale fechou nesta sexta em alta de 3,48%, no dia seguinte ao balanço do terceiro trimestre. O papel da mineradora foi um dos sete da carteira de 86 ações do Ibovespa que conseguiram fechar o dia em alta, ao lado de Usiminas (+4,18%) e Bradespar (+2,24%). Na ponta perdedora do índice de referência da B3, destaque nesta sexta-feira para Hypera (-8,25%), Soma (-6,89%) e Gol (-5,59%). Entre os grandes bancos, as perdas na sessão ficaram entre 1,03% (Bradesco PN) e 2,54% (Banco do Brasil ON). Com tudo em conta, o mercado financeiro está mais otimista sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 57,14% acreditam que a semana será de ganhos para o Ibovespa; 28,57% esperam estabilidade; e 14,29%, queda. Na pesquisa anterior, estes porcentuais eram, respectivamente, de 42,86%, 14,29% e 42,86%.

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