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Com cautela externa, Ibovespa cai 1,78%, aos 117,4 mil, maior perda desde 2/5

O Ibovespa registrou nesta quinta-feira, 6, sua maior perda diária desde a queda de 2,40% em 2 de maio, refletindo o aumento da aversão a risco no exterior ante a possibilidade de o Federal Reserve voltar a elevar juros no fim deste mês, após ter feito pa

Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)

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Escrito por Luís Eduardo Leal (via Agência Estado)
Publicado em 06.07.2023, 18:13:00 Editado em 06.07.2023, 18:19:21
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O Ibovespa registrou nesta quinta-feira, 6, sua maior perda diária desde a queda de 2,40% em 2 de maio, refletindo o aumento da aversão a risco no exterior ante a possibilidade de o Federal Reserve voltar a elevar juros no fim deste mês, após ter feito pausa na reunião anterior.

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Uma nova fornada de dados econômicos americanos, especialmente a forte geração de vagas de trabalho no setor privado em junho (ADP), resultou em elevação do índice VIX, métrica de volatilidade em Nova York, onde as três principais referências para ações caíram entre 0,79% (S&P 500) e 1,07% (Dow Jones) na sessão. Embora não muito correlacionados, os dados da ADP sobre empregos são vistos como uma espécie de tira-gosto para o relatório oficial sobre o mercado de trabalho americano - cuja leitura de junho será conhecida amanhã, dia 7.

Aqui, o Ibovespa fechou o dia em baixa de 1,78%, aos 117.425,70 pontos, entre mínima de 117.095,88 (-2,05%), do começo da tarde, e máxima de 119.548,02 pontos, da abertura. Fraco, o giro financeiro desta quinta-feira ficou em R$ 21,6 bilhões. Na semana e no mês, o índice da B3 cede 0,56% e, no ano, avança 7,01%.

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Na agenda interna, em derrota para as ambições do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, as votações do arcabouço fiscal e do projeto de lei que retoma o chamado voto de qualidade do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf) devem ser pautadas apenas em agosto, após o recesso parlamentar. Essa foi a tendência relatada à Coluna do Estadão por lideranças no Congresso, ainda no início da tarde.

Pelo lado positivo, a expectativa é de que a PEC da reforma tributária será votada nesta quinta-feira em primeiro turno, na Câmara dos Deputados. Apesar de ser aguardada como um desdobramento positivo da pauta econômica no Congresso, há alguma cautela dos investidores quanto ao formato final da proposta. "O Congresso impôs diversas derrotas ao governo como forma de demonstrar poder, mas desta vez houve liberação de emendas, o que reforça o apoio, o consenso entre deputados e senadores, inclusive da oposição, para que a matéria passe, seja aprovada", diz Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos.

Assim, combinando risco externo e cautela doméstica, as perdas se disseminaram na carteira do Ibovespa, em dia de forte pressão sobre o câmbio - com o dólar de volta à casa de R$ 4,95 na máxima desta quinta-feira após ter fechado o dia interior a R$ 4,85 - e também sobre os DIs futuros, em particular os longos. Na B3, apenas cinco das 86 ações do Ibovespa conseguiram encerrar a sessão em terreno positivo, com IRB (+5,02%) e Eztec (+2,00%) à frente. No lado oposto, Gol (-9,78%), Magazine Luiza (-7,62%), Via (-6,76%) e Azul (-6,50%).

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Entre as empresas de maior capitalização de mercado, as perdas do dia chegaram a superar 2% para os grandes bancos, com destaque para Santander (Unit -2,11%, mínima do dia no fechamento) e Bradesco (ON -2,31%, PN -2,41%). No setor de commodities, Petrobras ON e PN cederam hoje 1,27% e 1,53%, e Vale ON, 0,72%.

"O mercado teve um dia de busca por liquidez, com dados importantes de emprego e o PMI de serviços nos Estados Unidos (da ISM), em leituras fortes que assustaram os investidores. A resiliência do mercado de trabalho americano, em especial, coloca em 88% no meio da tarde hoje a chance, pela ferramenta da CME, de retomada da alta de juros no Fed, em julho, o que se refletiu também no dólar, com busca por segurança e liquidez na moeda americana", diz Dennis Esteves, sócio e especialista da Blue3 Investimentos.

"O dia foi dos 'ursos'", acrescenta o analista, referindo-se a investidores posicionados para queda de preços dos ativos em Bolsa.

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"A ata do Fed, da tarde de ontem, já sugeria cautela quanto aos juros americanos, o que ganhou força hoje com os resultados do índice de atividade do setor de serviços e, principalmente, a geração de vagas de trabalho no levantamento mensal da ADP, bem acima do consenso. Mercado de trabalho americano ainda mostra resiliência, o que mantém a chance de aumento de juros pelo Federal Reserve", diz Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos.

Graficamente, se tivesse rompido os 120 mil pontos - marca tocada ontem no intradia e que foi alcançada em fechamento no último dia 21, aos 120,4 mil -, a tendência seria o Ibovespa buscar os 124 mil, diz Harada. Em sentido inverso, abaixo dos 118 mil pontos, o suporte seguinte estaria na região dos 116 mil que, uma vez rompido, poderia levar o índice aos 114 mil pontos, acrescenta.

"Além dos juros americanos e dos índices de atividade - que têm se enfraquecido na China, grande consumidora de commodities a que nossa Bolsa é muito exposta -, há outras questões em aberto, como o que sairá da reforma tributária em sua forma final. O momento sugere posição defensiva, ainda se terá volatilidade pela frente", observa Harada.

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