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Com agro mais fraco, prévia do PIB cai 2%

A economia brasileira apresentou forte retração em maio, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta segunda-feira, 17. O indicador, que é uma espécie de "prévia do BC" para o Produto Interno Bruto (PIB), caiu

Eduardo Rodrigues, Marianna Gualter e Daniel Tozzi Mendes (via Agência Estado)

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Escrito por Eduardo Rodrigues, Marianna Gualter e Daniel Tozzi Mendes (via Agência Estado)
Publicado em 18.07.2023, 06:59:00 Editado em 18.07.2023, 07:07:50
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A economia brasileira apresentou forte retração em maio, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta segunda-feira, 17. O indicador, que é uma espécie de "prévia do BC" para o Produto Interno Bruto (PIB), caiu 2% já livre de efeitos sazonais, revertendo alta de 0,81% que havia registrado em abril.

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Influenciada principalmente pelo fim das safras de soja e milho, maiores do que inicialmente esperado, a queda forte do IBC-Br surpreendeu economistas e analistas de mercado. De acordo com as expectativas coletadas pelo Projeções Broadcast, as previsões variavam de uma queda de 1,2% até uma alta de 1% para o indicador em maio. A mediana das projeções era negativa, mas de apenas 0,1%.

"Como tivemos um desempenho forte desses grãos (grandes safras de soja e milho) nos primeiros meses do ano, ou eles precisavam repetir o comportamento em maio, ou algum outro vetor (setor) precisava substituí-lo, o que não aconteceu", disse Antonio Ricciardi, economista da GO Associados, sobre o tombo do indicador em maio.

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Ao comentar o resultado do IBC-Br, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que era "esperado" diante do patamar "muito elevado" do juro real no País. Haddad se disse ainda preocupado com a situação e ironizou afirmando que a desaceleração da economia "pretendida" pelo Banco Central "chegou forte".

"A pretendida desaceleração da economia pelo Banco Central chegou forte e a gente precisa ter muita cautela com o que pode acontecer se as taxas (de juros) forem mantidas na casa de dez (pontos porcentuais). É muito pesado para a economia, está muito pesado para a economia", disse.

Também sem se ater aos dados objetivos que levaram à queda do índice, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, atacou os juros altos "escandalosos" segundo ele, ao falar ontem do IBC-Br.

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O incômodo do governo com o mau desempenho do indicador se explica. No final de maio, o Ministério da Fazenda aumentou sua projeção para o PIB deste ano, de 1,61% para 1,91%. Na ocasião, o secretário de Política Econômica (SPE) da Fazenda, Guilherme Mello, disse ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que o resultado poderia ficar mais perto de 2,5%. A estimativa do BC para o PIB de 2023 é de alta de 2%, segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado no mês passado.

Aperto

Entre os economistas e analistas de mercado, o IBC-Br de maio é um importante sinalizador do que vem pela frente. Gabriel Couto, economista do Santander Brasil, disse que o recuo além do esperado reforça a visão de que os dados mais positivos de atividade que foram registrados no primeiro trimestre tendem a ficar restritos ao período.

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"A tendência é de variações na vizinhança de zero. A perspectiva de um PIB estagnado no período está se consolidando cada vez mais", disse Couto, referindo-se às projeções do banco para o desempenho do PIB no segundo trimestre.

Ricciardi, da GO Associados, lembrou que foi a agricultura a grande surpresa positiva do desempenho do PIB do primeiro trimestre, uma vez que as performances mais fracas de indústria, serviços e varejo já eram esperadas. "Esses outros setores seguem em baixa, com impacto do juro alto e das condições financeiras apertadas", salientou o economista.

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Na avaliação de Ricciardi, vetores favoráveis que podem impulsionar a economia, como a confirmação do corte na taxa Selic em agosto pelo BC, podem trazer impacto positivo para a atividade doméstica. Mas se de fato isso ocorrer, ressaltou ele, seus efeitos só devem ser percebidos nos últimos meses do ano, em novembro ou dezembro.

Divergência

Apesar do recuo em maio, em 12 meses o IBC-Br acumula alta de 3,43%, ligeiramente abaixo da variação de 3,57% dos 12 meses encerrados em abril. Segundo o BC, o indicador registrou avanço de 1,63% no acumulado do trimestre de março até maio em relação aos três meses anteriores (dezembro a fevereiro), já ajustada sazonalmente.

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O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, afirmou que o resultado ruim de maio não altera o cenário de que a atividade econômica ainda está aquecida. "O IBC-Br tem uma dinâmica própria, é difícil de entender o que realmente puxou para baixo o dado na margem", disse. "Mas o momento para dados de atividade, com vimos nas últimas leituras de volume de serviços e produção industrial, segue relativamente positivo."

Na avaliação do economista, fatores como a tendência de queda internacional nos preços dos combustíveis, aliados à valorização do real e à materialização de cortes na Selic em agosto, podem contribuir para o cenário de atividade mais aquecida do que o inicialmente projetado para o ano. "Esse recuo do IBC-Br em maio não coloca risco para um crescimento acima de 2% da economia", afirma.

A perspectiva de desaceleração para atividade também no segundo semestre deve se manter, na avaliação do economista. "O agro deve continuar contribuindo relativamente bem, porém, com a queda nas cotações internacionais de algumas commodities agrícolas, esse impacto é moderado", disse.

As projeções da Austin para o PIB estão em revisão, devendo ficar entre 2% e 2,5%. O Santander projeta alta de 1,9%, enquanto a XP prevê avanço de 2,2% para o PIB em 2023.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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