O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, reconheceu que a reforma tributária a ser votada no Congresso "certamente" será diferente da ideia original do governo. A Câmara deve analisar a partir da semana que vem o relatório do deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), construído em conjunto com o governo.
Ao comentar os trabalhos em torno da reforma tributária, Lula elogiou a coordenação "com maestria" do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e dos articuladores políticos do governo.
"Certamente não passará a Medida Provisória na integralidade daquilo que o governo queria, mas certamente passará Medida que vai dotar o Estado de maior proteção contra a sonegação, de maior capacidade de arrecadação, porque mais gente vai contribuir, e também capacidade de redução da quantidade de impostos", afirmou o presidente em entrevista à Rádio Gaúcha.
Apesar de Lula ter falado em Medida Provisória, a reforma tributária vai tramitar no Congresso na forma de um substitutivo a uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), justamente o texto de Aguinaldo Ribeiro.
"A gente não quer punir a produção, quer efetivamente que a gente possa cobrar isso no consumo. Acho que vai ser muito importante para o Brasil", disse o presidente sobre a mudança no sistema de cobrança de impostos do País. "Vai ser a primeira reforma tributária votada no regime democrático. A última reforma tributária nossa foi depois da Revolução de 64", acrescentou.
"Revolução de 64" é um termo criticado por historiadores para se referir ao golpe militar de 1964 e normalmente é utilizado por defensores do regime, apesar de Lula ser um crítico histórico da ditadura militar brasileira.
Na entrevista, Lula ainda minimizou os ruídos na relação entre o Palácio do Planalto e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). "O presidente precisa mais do Congresso do que o Congresso dele. A discussão é a mais tranquila possível", garantiu.
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