A aprovação do pacote fiscal no Congresso Nacional é insuficiente para empolgar o Ibovespa no pregão desta sexta-feira, 20, dada a cautela externa no período da manhã. Desta forma, será difícil o principal indicador apagar a queda em torno de 3,00% registrada até o momento.
"Há um sentimento de aversão ao risco lá fora. Por ora, não vejo virada deste cenário", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Reseach. Segundo ele, a aprovação das medidas fiscais ontem a poucos dias do recesso parlamentar é boa nótica. "É positivo e ainda tem a votação do Orçamento, que deve avançar sem problemas. No entanto, o problema fiscal prevalece. O Congresso não tem estímulos para endurecer a medidas fiscais, e 2025 deve ser um ano desafiador", avalia Spiess.
Ontem, o Ibovespa subiu 0,34%, fechando aos 121.187,91 pontos. Não se pode descartar volatilidade ao longo do dia, em meio ao vencimento de opções sobre ações hoje.
A ligeira baixa do Ibovespa vai na contramão do alívio módico no dólar à vista, em meio a novos do Banco Central e após a aprovação do plano fiscal. Já os juros futuros avançam em meio à divulgação das condições dos leilões de compra e venda de títulos públicos e com o mercado insatisfeito com a desidratação das medidas do pacote fiscal já aprovadas pela Câmara e Senado.
No exterior, os índices futuros de ações em Nova York caem diante do risco crescente de paralisação do governo americano, após a Câmara dos Estados Unidos rejeitar uma proposta de financiamento. As bolsas europeias também cedem ainda refletindo novas ameaças de tarifas pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
Neste ambiente, o petróleo tem desvalorização em torno de 0,90%, pesando nas ações da Petrobras. ON perdia 0,45% e PN, de 0,03% por volta das 11 horas. Hoje a Petrobras fará o pagamento da segunda parcela dos proventos aprovados pelo conselho de administração da empresa.
Na China, o banco central manteve os juros no nível atual. Por lá, o minério de ferro fechou em baixa de 0,77% em Dalian hoje. Vale cedia 0,35% e contaminava as demais ações do setor de metais, com exceção de CSN ON, que subia 0,43%.
Aqui, as incertezas não foram dizimadas após o pacote de contenção de gastos enviado ter sido aprovado na noite de ontem pelo Congresso. Isso porque houve mudanças em 19 textos dos três projetos apresentados pelo Executivo para manter o arcabouço fiscal de pé. Agora só precisa de mais uma apreciação no Senado, o que deve acontecer hoje.
"Se levarmos em consideração as alterações realizadas pelos congressistas e as chances de materialização das medidas, o potencial impacto nas despesas ficaria em torno de R$ 40 bilhões para 2025 e 2026", calcula a LCA Consultores, lembrando em relatório que o governo estimava R$ 71 bilhões.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, acredita que o montante tem chance se ser alcançado. Para ele, o processo legislativo foi como um "voto de confiança" do Congresso no plano do governo.
Em entrevista exclusiva ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Durigan, classificou o andamento do pacote fiscal no Congresso como um "passo fundamental" para a evolução da seara fiscal no País, reconhecendo, por sua vez, que a discussão não se encerra.
Às 11h13, o Ibovespa subia 0,02%, aos 121.208,19 pontos, perto da máxima de 121.270,58 pontos, quando avançou 0,07%. Na mínima atingiu 120.700,49 pontos (-0,40%).
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