O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a atribuir a taxa elevada cobrada no rotativo do cartão à inadimplência do rotativo de cartão de crédito e às particularidades do meio de pagamento no Brasil, como o crescimento do parcelado sem juros. Campos Neto afirmou que o BC reconhece a importância do parcelado sem juros para a população e para o comércio, mas ponderou que a inadimplência no cartão é alta. "Precisamos de uma solução que reduza os juros do rotativo, mas que afete o menos possível o consumo brasileiro. É isso que está sendo estudado, não posso adiantar porque não depende só do BC. Mas temos tentado fazer uma transição para melhorar o produto cartão de crédito", disse em entrevista gravada ao Amarelas on Air, da
. Campos Neto citou que a inadimplência no rotativo é de quase 50%, enquanto no mundo há dificuldade de achar países em que os atrasos acima de 90 dias ultrapassam 25%. Já a fatia de parcelado sem juros é grande e cresceu, com parcelamento muito longo em produtos da linha branca, por exemplo. "A massa de crédito alocada em cartão de crédito hoje é de 20%, sendo que 15% é parcelado sem juros e 5% com juros, é três vezes maior." O presidente do BC repetiu que outro ponto de desequilíbrio é que cresceu muito o crédito via cartão, especialmente devido aos entrantes na modalidade e aos varejistas, que queriam fidelizar os clientes. Esses players têm inadimplência e juros mais altos, que chegam a 75% e a 700%, respectivamente. Até junho, o rotativo cobrava em média 437% de juros ao ano. Campos Neto também voltou a dizer que a baixa recuperação de crédito afeta o juros no Brasil. Segundo ele, a recuperação de crédito no País só não é pior que países como Burundi, Zimbábue e Haiti. Além desse ponto, o presidente do BC afirmou que o Marco Legal de Garantias ajudaria a baixar os juros. Na quinta-feira, 24, o deputado Alencar Santana (PT-SP) apresentou seu relatório do projeto de lei sobre o Desenrola Brasil, que também discute os juros do rotativo e do parcelado com juros do cartão. Alencar deu 90 dias a partir da aprovação da lei para que as instituições financeiras apresentem uma proposta para baixar os juros em autorregulação. Se não houver consenso, a proposta é de delimitar os juros ao valor do principal da dívida.
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