O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, listou nesta segunda-feira três sugestões para quem quer que o substitua no cargo a partir de 2025. Ele aconselhou o próximo chefe da autarquia a preservar ao máximo a sua independência, a tentar garantir que a comunicação do BC não cause ruídos e a continuar investindo na agenda de tecnologia.
"Sempre há um desafio, porque você quer ser próximo ao governo, mas você quer preservar a sua independência", disse Campos Neto. "É uma linha muito tênue, porque às vezes você é próximo de forma a ir para as reuniões e falar com o governo, mas isso só é bom se você tiver independência para tomar uma decisão. E, às vezes, não será o que o governo quer."
Ele foi indagado, durante um webinar organizado pela Constellation Asset, sobre quais conselhos deixaria para o próximo presidente da autarquia. Sobre a independência, reiterou que é importante o BC poder dizer não ao governo, já que o ciclo político e o ciclo de política monetária são diferentes.
Campos Neto também defendeu que o próximo presidente do BC deve dar atenção à comunicação da autarquia. "Você precisa ter um processo em que você seja transparente, saiba o que está fazendo, as pessoas entendam o processo e você possa comunicar as coisas de forma a reduzir o ruído o máximo possível", disse.
O presidente do BC também afirmou que é necessário continuar investindo na agenda de tecnologia. Segundo Campos Neto, o que já foi feito até aqui foi apenas a "ponta do iceberg." "A tecnologia é uma forma mais barata de promover inclusão e melhorar o mercado financeiro", afirmou.
Ao destacar a agenda de tecnologia da autarquia, ele comentou: "Não vejo uma agenda como a que temos agora em nenhum outro país."
O banqueiro central salientou o desempenho do Pix e o classificou como o "sistema de pagamento de maior sucesso globalmente".
Campos Neto citou que a ferramenta incluiu sete milhões de pessoas na bancarização.
Também voltou a citar os esforços para a criação, junto a países do G20, de uma taxonomia que facilite os pagamentos internacionais.
O presidente do Banco Central afirmou também que, em sua percepção, quanto mais tecnologia um país tiver hoje no índice de ações, melhor tende a ser seu desempenho.
Ele ponderou, no entanto, que essa não é a situação do Brasil. "Não temos muitas empresas de tecnologia em nosso índice", disse.
Ainda sobre o assunto tecnologia, Campos Neto chamou a atenção para o aumento de carros chineses elétricos chegando ao Brasil. "Estão conquistando o mercado muito rápido", afirmou Campos Neto, que atrelou o movimento a uma mudança no foco do investimento chinês, do mercado imobiliário para a produção muito direcionada à eletrificação.
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