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Campos Neto: banqueiro central tem de distanciar-se da arena política, fazer trabalho técnico

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, evitou, mais uma vez, responder os ataques à sua atuação feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele reafirmou que faz um trabalho técnico, voltando a citar que o BC, sob o seu comando, fe

Cícero Cotrim e Eduardo Laguna (via Agência Estado)

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Escrito por Cícero Cotrim e Eduardo Laguna (via Agência Estado)
Publicado em 02.07.2024, 12:14:00 Editado em 02.07.2024, 12:20:57
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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, evitou, mais uma vez, responder os ataques à sua atuação feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele reafirmou que faz um trabalho técnico, voltando a citar que o BC, sob o seu comando, fez o maior aumento de juros em um ano eleitoral da história do mundo emergente.

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Ao participar de um fórum do Banco Central Europeu (BCE) em Portugal, Campos Neto disse que, como banqueiro central, tem que se distanciar da arena política. "Acho que o que fizemos é prova viva de que tudo foi muito técnico", afirmou, em painel ao lado da presidente do BCE, Christine Lagarde, e do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell.

O Banco Central aumentou a Selic de 2%, no início de 2021, para 13,75% em agosto de 2022, ano em que Lula foi eleito. Neste intervalo, a inflação acumulada em 12 meses saiu de 4,56% em janeiro de 2021 para um pico de 12,13% em abril de 2022. Ao fim daquele ano, a Selic estava em 13,75%, e a inflação em 5,79%.

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Hoje, a Selic está em 10,50% ao ano, e a leitura mais recente de inflação, referente a maio, apontou taxa de 3,93% em 12 meses.

Segundo Campos Neto, o aumento da taxa entre 2021 e 2022 é "prova viva" de que o trabalho do BC foi técnico. "Se isso não é uma prova de que você é independente e agiu com autonomia, é difícil encontrar outro exemplo como esse."

O presidente do BC lembrou ainda que a decisão de junho do Comitê de Política Monetária (Copom) foi unânime, mesmo com quatro membros indicados pelo governo do presidente Lula, mostrando assim coesão em torno de uma solução técnica. "Acho que a história e o tempo vão mostrar que o trabalho foi feito da melhor forma que podíamos com os dados que tínhamos e que foi feito da forma mais técnica", afirmou Campos Neto.

Campos Neto, que termina o mandato em dezembro, afirmou que nunca esteve disposto a ser indicado novamente ao BC, independente de quem ganhasse eleição. Durante o evento, ele observou que as incertezas sobre a sucessão no BC elevaram o prêmio de risco na curva de juros. Porém, Campos Neto ponderou que, com o tempo, esse prêmio de risco tende a diminuir.

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