A busca por risco nos mercados internacionais em reflexo a uma tentativa de recuperação influencia positivamente o Ibovespa nesta sexta-feira, 5. A alta do principal indicador da B3 é discreta, dado que as preocupações dos investidores com as tensões no sistema bancário dos Estados e com o desaquecimento mundial continuam. Além disso, segue o impasse em relação ao arcabouço fiscal em relação a uma data de votação. Ao mesmo tempo, os investidores se debruçam nos resultados do primeiro trimestre de Bradesco, Eletrobras, Assai e Via, entre outros.
O forte da agenda - o payroll (relatório oficial de emprego dos EUA) - mostrou a criação de 253 mil empregos em abril, na comparação com geração de 236 mil em março e ante estimativa mediana de 185 mil postos de trabalho. O salário médio também avançou mais do que o esperado pelo mercado, enquanto a taxa de desemprego atingiu 3,4%, ante previsão de 3,6%. "Veio tudo forte. Criação de emprego, taxa de desemprego e aumento salarial", descreve Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos.
"O próprio Powell ressaltou que o mercado de trabalho segue apertado. Então, o payroll não põe em xeque a expectativa de manutenção do juro básico nos Estados Unidos", avalia Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos, ao citar a fala do presidente do Fed, Jerome Powell, essa semana, quando o juro por lá subiu 0,25 ponto porcentual, como o esperado.
As bolsas internacionais sobem, bem como os juros dos Treasuries nos EUA. Como os mercados já estavam pessimistas nos últimos dias, sobretudo as bolsas, hoje há um movimento de ajuste. "Lá fora foram quatro dias negativos pressionados pelos bancos regionais. No final, acho que o mercado vai se ajustar, indo em direção à visão do Fed de não subir mais, mas manter juros altos por um longo período", avalia Takeo, da Ouro Preto Investimentos.
O petróleo subia mais de 4% pouco antes do fechamento deste texto, mas ainda se encaminha para uma terceira semana consecutiva de perdas. Já o minério de ferro fechou em queda de 0,99% em Dalian. Ainda assim, as ações da Vale e de outras ações de empresas do segmento sobem, depois de fortes perdas na véspera. Os papéis da Petrobras também avançam.
Mesmo que suba nesta sexta-feira, o Ibovespa dificilmente escapará de uma queda semanal. Até o momento, acumula desvalorização de 1,43% no período encurtado pelo feriado na segunda em comemoração do Dia do Trabalho. Na anterior, avançou 0,06%. Ontem, fechou com alta de 0,37%, aos 102.174,34 pontos.
Depois da divulgação do payroll, agora o mercado focará nas palavras de dirigentes do Fed, em busca de sinais de política monetária. No Brasil, a agenda está esvaziada. Os investidores seguem no aguardo de sinais sobre avanço da pauta de reformas e ainda de indícios sobre um recuo dos juros, após o Copom manter a Selic em 13,75% ao ano esta semana.
"Esperava um sinal de flexibilização por parte do nosso BC que não veio. Só que o mercado percebeu um tom mais ameno por parte do Banco Central, achando que deve começar a indicar queda dos juros, por conta da mediana das expectativas de inflação, que pode começar a baixar lá para meados de agosto", afirma Moura. "Esse aumento dos juros tem massacrado os balanços de algumas empresas, principalmente do varejo", completa o sócio e analista da Finacap.
Hoje, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o arcabouço fiscal e a reforma tributária serão votadas no primeiro semestre. Afirmou, em entrevista à rádio CBN, ser favorável à alteração da meta de inflação do País, adotando uma meta contínua, saindo do modelo de meta calendário (com período de 12 meses para cumprimento, como funciona no Brasil hoje).
Às 11h21, o Ibovespa subia 1,03%, aos 103.230,08 pontos, após abertura aos 102.174,73 pontos. A maior queda era puxada por Assai, que cedia 8,45%, após divulgar balanço, enquanto a maior alta era Alpargatas, que avançava 7,03%, também depois de informar seus números do primeiro trimestre. Bradesco tinha elevação discreta entre 0,48% (ON) e de 0,14% (PN). Já Vale subia 2,23% e Petrobras, cerca de 1,00%.
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