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Brasil é 'excelente candidato' a receber investimentos externos, afirma Campos Neto

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o Brasil continua sendo um "excelente candidato" a receber investimentos externos. A posição forte na área de energia sustentável favorece o País como um recebedor de recursos, embora a entrada

Cícero Cotrim e Amanda Pupo (via Agência Estado)

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Escrito por Cícero Cotrim e Amanda Pupo (via Agência Estado)
Publicado em 07.06.2024, 14:19:00 Editado em 07.06.2024, 14:24:23
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o Brasil continua sendo um "excelente candidato" a receber investimentos externos. A posição forte na área de energia sustentável favorece o País como um recebedor de recursos, embora a entrada de verba via nearshoring e friendshoring esteja ficando abaixo do esperado, ele afirmou.

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"A gente tem alguma coisa, mas a gente esperava que fosse ser bem maior", comentou Campos Neto, em um evento da Monte Bravo Investimentos, em São Paulo. "Quando a gente fala com as empresas, essa parte de realocação, near shoring e friend shoring, não está se desenvolvendo no ritmo em que a gente esperava."

Ele ponderou ainda que há uma melhora estrutural na balança comercial brasileira, devido ao aumento da exportação de petróleo e de alimentos. "Nessa base de comércio internacional, o Brasil tem um patamar hoje que é diferente do passado, você tem uma solidez em termos de balanço externo", afirmou.

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Sobre e saída de capitais do País, Campos Neto disse que parte desse movimento se deve ao aumento da preocupação fiscal. Quando o mundo começa a debater a dívida de vários países, é mais importante fazer o dever de casa no País. Além disso, programas que geram gastos governamentais parecem agora ter menos aceitabilidade no futuro, disse.

Outra razão se deve aos juros altos no mundo desenvolvido, segundo o presidente do BC. "Você hoje pode entrar em uma agência de private banking nos Estados Unidos e comprar um produto ligado ao Treasury de cinco anos, que te paga 8,5%, 9%. É bastante taxa, com alguma alavancagem, mas ligada ao risco do Tesouro Americano", exemplificou.

Campos Neto aproveitou para dizer que considera possível que haja uma recessão global, mas ponderou que ela não deve gerar uma ruptura nos mercados.

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Mercado de crédito

O presidente do Banco Central também afirmou que o mercado de crédito tem crescido bastante, de forma saudável, com uma segmentação importante, já que a parte de mercado de capitais tem apresentado um bom crescimento, especialmente em renda fixa. O banqueiro central observou que, embora no ano passado agentes tenham ficado preocupados com a possibilidade de esse mercado colapsar, "nada disso aconteceu", inclusive com a emissão de debêntures voltando agora a níveis recordes.

"Parte de mercado de capitais crescendo muito, principalmente renda fixa, com performance ruim de renda variável. Escutei muito no ano passado que mercado ia colapsar, nada disso aconteceu, teve período que emissão de debênture foi um pouco menor, mas já voltou a níveis recordes. Condições financeiras estão mostrando que temos aperto monetário, mas que tem pedaço do mercado de capitais que está funcionando muito bem", disse Campos Neto.

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Mercado de trabalho

Sobre o mercado de trabalho, ele voltou a dizer que há uma melhora sob "todas as óticas", além do imaginado e, que, mesmo que isso seja apontado como um risco, não foi identificada até o momento uma relação mecânica entre esse aquecimento e a inflação de serviços.

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"Quando olha a massa real salarial subindo, olha também um pouco efeito no consumo de famílias, ver o que é transferência de governo, o que é salário de fato que está aumentando na ponta, olha os acordos coletivas para tentar ver tendência", citou Campos Neto.

Cenário global do mercado de trabalho

O presidente do Banco Central destacou também que o mercado de trabalho global tem surpreendido para cima, observando ainda que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não comprou totalmente a ideia de que um ganho da produtividade aqueceu esse segmento.

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"Mercado de trabalho global tem surpreendido bastante para cima. Tem olhado a parte de custo unitário, as tendências em termos de salário, o que é real, produtividade. Acho que se consegue defender um tema de produtividade nos EUA, apesar de Fed não comprar 100% essa ideia", disse ele.

Ele ainda voltou a dizer que, no pós-pandemia, o tempo de rearrumação das cadeias contribui para a visão de que a inflação seja um "pouquinho" mais alta por mais tempo, levando os juros também a patamares mais altos por mais tempo.

Campos Neto explicou que, embora o near shoring tenha ganhado destaque nos últimos anos, a realocação de cadeias custa caro num primeiro momento, assim como a transição das empresas para práticas mais sustentáveis, gerando uma pressão na parte de produção.

"Se de um lado vimos pressão de custo de salário e pressão na parte imobiliária, e de macro, do outro lado também via pressão na parte de produção. Também vê um pouco que o que cresce em exportações globais é basicamente a parte de serviços digitais, e o resto em crescimento bem aquém do que tínhamos projetado (em comercio global)", disse ele.

Restrições a mercadorias chinesas

O presidente do Banco Central destacou ainda o aumento de restrições comerciais a produtos vendidos pela China, o que tem consequências para o Brasil, em especial no mercado automotivo. "Tem a China tentando trazer o maior número de carros para cá porque alguns mercados estão se fechando", disse.

Campos Neto apontou que esse cenário de restrições ao mercado chinês é um ponto muito discutido, pelas eventuais consequências que isso pode ter na economia do país, já que há um volume de recursos grande direcionado à produção para exportação, enquanto países têm fechado algumas portas para as mercadorias do gigante asiático.

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