O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta quinta-feira, 30, que o Brasil vai analisar o convite para integrar a Opep+, mas que não aceitaria um convite da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). "A Opep+ não tem nada a ver com a Opep", disse, ao chegar ao hotel em Dubai onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está hospedado. O Ministério de Minas e Energia confirmou que o Brasil recebeu nesta quinta um convite formal para integrar a Opep+. A assessoria da pasta informou que ainda não há uma decisão tomada. A Opep+ confirmou a entrada do Brasil no grupo a partir de 2024. O grupo está em reunião de ministros nesta quinta. Em discurso na abertura do encontro virtual no qual os integrantes do cartel definiram os planos de produção, Silveira indicou que o Brasil deve ingressar na Opep+ em janeiro de 2024. "Como o Brasil vai presidir o G20 e eu, especialmente, o trilho de energia e também a COP-30, em 2025, é importante que essa adesão do Brasil seja analisada, se possível, em evento presencial em Viena com os demais colegas ministros", afirmou. O ministro também reforçou que o País segue "aberto" a investimentos no setor energético, com objetivo de acelerar o desenvolvimento social e econômico. Para ele, a Opep+ tem ajudado a garantir a "significativa" estabilidade do mercado de petróleo e de energia, por meio de uma ampla plataforma de cooperação. "Acompanhamos com entusiasmo valoroso o trabalho dos 23 países da Opep+", ressaltou. No caso da Opep, os países têm obrigações a cumprir, como o aumento ou a redução da produção de petróleo. Na Opep+, grupo formado por 23 países entre membros da Opep e aliados, não há esse tipo de situação. Entre os aliados que compõem a Opep+ estão, atualmente, países como Azerbaijão, Bahrein, Malásia, México e Rússia. "A Opep+ é uma plataforma de discussão da indústria petroleira, onde poderemos discutir transição energética", disse Silveira, acrescentando ser necessário e urgente avançar nesse tema. Ele argumentou que o Brasil foi convidado porque o governo Lula é reconhecido por "ser do diálogo". Silveira pontuou que o Brasil não pode ser penalizado e ser a "salvaguarda" do mundo na questão climática. "Não podemos abrir mão das nossas riquezas", disse o ministro. Ele salientou que participar da Opep+ não irá influenciar a produção nem os preços de combustíveis no País. "Os preços no Brasil vão continuar descolados (do mercado internacional)", disse. O ministro está em Dubai para participar da 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-28). Antes da oficialização da entrada no grupo, uma equipe técnica brasileira ainda analisará a carta que estabelece o compromisso de cooperação da Opep+, recebida por Lula.
A Opep reúne 13 grandes produtores de petróleo do mundo, entre os quais Arábia Saudita, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Venezuela. Já a Opep+, com o símbolo de adição, é uma espécie de grupo expandido, que agrega mais dez países, dos quais o mais relevante para o mercado de petróleo é a Rússia. Outros são Azerbaijão, Bahrein, Malásia e México. Em outubro, o secretário-geral da Opep, o kuwaitiano Haitham Al Ghais, passou uma semana no Brasil a convite do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Em clara aproximação com o governo brasileiro, ele teve encontros com Lula, seu vice Geraldo Alckmin e ministros. Na ocasião, Ghais disse ao
Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que "as portas da organização estavam abertas para todo mundo, inclusive para o Brasil". "Temos uma política de portas abertas. O Brasil é um grande país produtor e exportador de petróleo. Mas entrar na Opep ou não é uma questão para o governo brasileiro decidir", disse em outubro. Na ocasião, ele desconversou sobre um convite formal, mas reiterou o interesse em manter diálogo com o País, que detém uma das maiores reservas de petróleo do mundo fora da Opep, e cujo aumento da produção é encarado como estratégico para contrabalançar os cortes na oferta do grupo. O Brasil já exporta cerca de 45% de todo o petróleo que produz e esse porcentual pode superar 60% nos próximos anos, segundo consenso do mercado./Com Gabriel Vasconcelos e André Marinho
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