A empresária Luiza Trajano cobrou de seus pares nesta quinta-feira, 24, mais do que apenas um diagnóstico dos desafios futuros de governos e países, ao discursar durante a abertura do encontro promovido pelo B-20 - o braço empresarial do G-20, que reúne as maiores economias do mundo. "Gostaria que saíssemos desse B-20 sem o mundo das teorias, sem o mundo de diagnóstico, e no mundo de fazer acontecer. Todo mundo aqui falou que só a união entre governo, sociedade e empresários vai fazer isso dar certo, só que a gente não consegue fazer isso no mundo", afirmou ela, que é presidente do conselho de administração do Magazine Luiza.
Realizado pela primeira vez no País, o fórum de empresários dos países e regiões representados no G-20 começou ontem e termina nesta sexta, 25, em São Paulo. Ele antecede o encontro do G-20, também a ser realizado pela primeira vez no Brasil, em 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.
Luiza participou da mesa de abertura sobre potencial humano e empoderamento das pessoas diante dos desafios globais. Em seu discurso, a empresária reforçou que empresários e políticos precisam estar conscientes de que o mundo mudou e de que o empresariado precisa se posicionar ao dizer que não vai haver aumento de desemprego em razão das mudanças tecnológicas. O fim de determinadas funções em razão da maior digitalização, segundo ela, não necessariamente significa desemprego. Ela defendeu que as pessoas sejam capacitadas profissionalmente e alocadas em outras posições. À plateia de empresários, ela também disse que combater a desigualdade não é só responsabilidade dos governos. "É uma responsabilidade de todos nós que estamos nessa sala."
Neste ano, o fórum é coordenado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O presidente da entidade, Ricardo Alban, afirmou que "o Brasil e o setor privado estão preparados para dar importantes contribuições ao debate global". O empresário Dan Ioschpe, conselheiro da Iochpe-Maxion e chair (coordenador) do B-20, disse que ao longo dos últimos meses os grupos de empresários buscaram criar propostas que fossem "acionáveis e mensuráveis". "Construímos as propostas com base em princípios sólidos para que cada sugestão se traduzisse em ações concretas e de impacto." (mais informações nas págs. B10 a B13).
Josué Gomes da Silva, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), disse que a sequência de eventos internacionais sediados no Brasil, como os do G-20 e da COP-30 (em 2025, em Belém), mostra "o interesse, a vontade e o engajamento do Brasil nas causas internacionais".
Washington
Paralelamente ao evento na capital paulista, em Washington o comunicado conjunto dos ministros das finanças do G-20 confirmou as boas perspectivas de um pouso suave da economia global e informou que os ministros devem continuar a promover um crescimento "forte, sustentável, equilibrado e inclusivo".
O documento também manteve o pedido por taxação de grandes fortunas, defendendo que a tributação progressiva é uma das principais ferramentas para reduzir as desigualdades domésticas, fortalecer a sustentabilidade fiscal e facilitar a consolidação orçamentária.
Na capital americana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a África do Sul sinalizou que vai dar continuidade à agenda brasileira ao assumir a presidência do G-20 no próximo ano. "Sem prejuízo das marcas que a própria África do Sul certamente vai querer imprimir à sua presidência, a África do Sul deixou claro que recebe o bastão com compromisso de levar adiante a agenda brasileira", afirmou.
OMC
Em Brasília, durante encontro de ministros do comércio e investimentos dos países do G-20, o vice-presidente Geraldo Alckmin defendeu uma reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Destaco mais uma vez o compromisso do Brasil com o fortalecimento de um sistema multilateral de comércio que defende uma reforma e a modernização da Organização Mundial do Comércio." (COLABORARAM ALINE BRONZATI, AMANDA PUPO e CÉLIA FROUFE)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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