Deputados aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se dizem contrários à proposta de reforma tributária e prometem se opor à votação. Na segunda-feira, 3, o PL - que nas eleições passadas elegeu a maior bancada na Câmara, com 99 integrantes - bloqueou a votação do projeto que altera o funcionamento do Carf (o conselho de recursos da Receita), que está trancando a pauta na Casa. Parlamentares da sigla dizem que esse já foi um "recado" ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que a mudança nos impostos "não está madura".
A oposição entre os bolsonaristas do PL começou a ganhar corpo no fim de semana, após um post de Eduardo Bolsonaro (SP) contra a reforma tributária. "Já adianto meu voto contrário. O brasileiro não aguenta mais imposto, quanto mais o pobre", escreveu o filho do ex-presidente, reverberando crítica da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) de que a reforma, como está, vai encarecer a cesta básica. O governo contesta essa informação e diz que os cálculos estão errados.
Ontem, foi a vez do próprio ex-presidente se manifestar contra a reforma em tramitação na Câmara, esquentando a temperatura do debate. "Reforma tributária do PT: um verdadeiro soco no estômago dos mais pobres", publicou Bolsonaro, no Twitter. "Do exposto, o presidente do PL e seu líder na Câmara dos Deputados encaminharão, junto aos seus 99 deputados, pela rejeição total da PEC da reforma tributária."
Em reação, o relator da reforma, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), afirmou que não permitirá que o tema seja contaminado por "política radical". "Não vou entrar em briga de Bolsonaro e Lula nem de ninguém", disse o deputado, ao reforçar que a proposta apresentada não é de um partido político ou de esquerda e direita.
'Conserto'
Membro da ala classificada como mais moderada do PL, o deputado Luiz Carlos Motta (SP) afirmou que, se o relator aceitar "consertar" o texto à luz das propostas feitas pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), "fica mais fácil para defender".
Uma das principais peças nesse xadrez da oposição será o posicionamento do governador paulista, que negocia mudanças no texto na reta final da votação. Como mostrou o Estadão, Ribeiro estuda rever a centralização da arrecadação, após pressão de Tarcísio. Ontem, o deputado disse que está discutindo a possibilidade de incluir na proposta um dispositivo que determine que impostos gerados em operações de compra e venda feitas dentro de um determinado Estado fiquem nesse mesmo Estado. (COLABOROU GIORDANNA NEVES)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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