O Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) avalia que os bancos britânicos continuam "fortes o suficiente" para seguir apoiando famílias e empresas mesmo em um ambiente de juros elevados e condições econômicas para o futuro piores que o esperado. A avaliação do BoE consta do Relatório de Estabilidade Financeira de julho, publicado nesta quarta-feira, 12.
O BoE observa que partes do sistema financeiro global seguem vulneráveis a tensões potenciais, cenário que mescla piora das perspectivas econômicas, inflação em níveis elevados de forma contínua e tensões geopolíticas. O BC britânico salienta também que o aumento das taxas de juros no mundo tornam o pagamento de dívidas por parte de empresas e famílias mais difícil.
A instituição avalia que, no Reino Unido, as famílias enfrentam, ao mesmo tempo, aumento no custo de vida e na taxa de juros. "À medida que os contratos de hipotecas de taxa fixa expiram e as famílias renovam suas hipotecas, o custo médio dos pagamentos de hipotecas continuará a aumentar", diz o BoE. Ainda assim, a proporção da renda gasta pelas famílias britânicas em pagamento de hipotecas deve seguir abaixo dos picos vistos no início da década de 1990 e na crise financeira de 2008.
Além disso, a autoridade monetária observa que, "embora algumas famílias e empresas estejam sob maior pressão, os bancos não viram um grande aumento no número de devedores incapazes de pagar os empréstimos", afirma o BC britânico, lembrando também o aumento da restritividade monetária repercute "gradualmente" na economia, "de modo que o impacto total ainda não foi sentido pelas famílias e empresas."
Em testes de estresse severo realizados pela autoridade monetária, os bancos seguiriam resilientes e capazes de apoiar empresas e famílias, segundo o BoE, mesmo que as condições econômicas fossem muito piores do que o esperado.
Instituições financeiras não bancárias, porém, seguem precisando de mais resiliência com necessidade "urgente", pontua o BC britânico. "Mudanças rápidas nas taxas de juros podem levar a desafios de liquidez para não bancos, como vimos em setembro de 2022, quando o impacto de um choque no setor de investimento orientado pelo passivo (LDI) levou a uma maior disfunção do mercado nos títulos do governo do Reino Unido", observa o BoE.
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