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BC não vê risco relevante para a estabilidade financeira

O Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do primeiro semestre de 2021, divulgado nesta segunda-feira, 18, pelo Banco Central (BC), traz a avaliação de que não há risco relevante para a estabilidade financeira no Brasil. De acordo com a autoridade mone

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 18.10.2021, 10:27:00 Editado em 18.10.2021, 10:33:11
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O Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do primeiro semestre de 2021, divulgado nesta segunda-feira, 18, pelo Banco Central (BC), traz a avaliação de que não há risco relevante para a estabilidade financeira no Brasil. De acordo com a autoridade monetária, os testes de estresse de capital demonstram que o sistema bancário está preparado para enfrentar todos os choques macroeconômicos simulados.

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O documento relata que, na primeira metade do ano, o Sistema Financeiro Nacional (SFN) manteve suas provisões elevadas, enquanto as perdas esperadas com crédito se reduziram. O relatório mostra ainda que a capitalização do sistema bancário melhorou e a liquidez manteve-se confortável.

"Esse desempenho está em linha com a evolução positiva da economia doméstica, em um período de recuperação parcial da confiança dos agentes econômicos e de avanço da campanha de vacinação", completou o BC.

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O BC aponta dados da Pesquisa de Estabilidade Financeira que mostram que as instituições financeiras elevaram ainda mais sua confiança, com redução das preocupações com a inadimplência e a atividade econômica. Além disso, o avanço da vacinação reduziu as preocupações com os impactos da crise sanitária.

"Desde o início da pandemia, o mercado apresenta confiança na estabilidade financeira bem acima do que esteve durante a recessão de 2015-2016. No início de agosto de 2021, o nível de confiança aproximou-se do maior valor observado", destacou o documento.

Ainda assim, o relatório pondera que ainda há bastante incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia, devido ao risco de novas variantes do novo coronavírus, às dificuldades para algumas cadeias produtivas obterem insumos, e às eventuais implicações da crise hídrica.

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Em relação ao cenário externo, o BC pontuou ainda que o sistema financeiro das principais economias segue resiliente, com níveis de capital e liquidez robustos. Testes de estresse realizados por outros bancos centrais também indicam que o sistema financeiro global permanece preparado para suportar choques.

Rentabilidade dos bancos

O Relatório de Estabilidade Financeira do primeiro semestre de 2021 destaca que a rentabilidade dos bancos já está no nível pré-pandemia, mas aponta que a incerteza segue acima do usual. O Retorno Sobre Patrimônio Líquido (ROE) do sistema bancário atingiu 14% em 12 meses até junho deste ano, ante taxa de 11,5% em dezembro de 2020.

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"A principal causa para a recuperação da rentabilidade é o menor volume de despesas com provisões. A inadimplência sob controle e a materialização de perdas aquém do esperado sugerem que não haverá alteração significativa nas despesas com provisões no curto prazo", avaliou o BC. "Melhoras consistentes nas receitas com serviços e despesas administrativas crescendo abaixo da inflação também têm beneficiado a rentabilidade", completou o documento.

Por outro lado, o relatório reconhece que, no curto prazo, a elevação da Selic pressionará o custo de captação dos bancos. Da mesma forma, a receita com crédito será impactada à medida que novas operações forem sendo concedidas, em um novo nível de taxas de juros. Além disso, uma eventual recuperação da atividade mais lenta que o esperado pode prejudicar o cenário para a rentabilidade do sistema à frente.

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O documento traz ainda a avaliação de que a reforma tributária, se aprovada pelo Congresso, terá impacto na rentabilidade do sistema financeiro de diferentes formas. "No primeiro momento, haverá reavaliação do crédito tributário, sem efeito no caixa dos bancos. No médio prazo, a alíquota menor reduzirá o dispêndio com tributos", afirma o BC.

Expansão do crédito PF

O REF do primeiro semestre de 2021 avalia, ainda, que a expansão do crédito para as famílias é condizente com os fundamentos econômicos e ocorre em praticamente todas as modalidades de financiamentos.

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O documento destaca que as contratações de crédito imobiliário seguem estimuladas pelas taxas de juros baixas, mas considera que a participação dos financiamentos habitacionais no Produto Interno Bruto (PIB) continua baixa. Da mesma forma, o crédito consignado elevou-se devido ao aumento do limite de consignação, que foi prorrogado até dezembro de 2021.

"O forte aumento das modalidades voltadas ao consumo indica mais apetite ao risco por parte das instituições financeiras, em um contexto de menos restrições à circulação da população", acrescentou o BC.

Mesmo com o aumento das concessões e, consequentemente, do endividamento e do comprometimento de renda das famílias, o relatório argumenta que a qualidade da carteira de crédito foi mantida.

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"Os ativos considerados problemáticos mantiveram-se estáveis, embora os indicadores de nível de risco tenham se reduzido devido ao aumento da carteira de crédito. O desempenho de algumas carteiras específicas requer acompanhamento, como, por exemplo, o crédito imobiliário com recursos do FGTS, cuja inadimplência tem aumentado", alertou o documento.

Inadimplência

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O REF do primeiro semestre de 2021 mostra que, embora ainda seja o risco mais citado pelos bancos, as instituições financeiras reduziram a preocupação com "inadimplência e atividade". Isso se deveu à recuperação econômica e aos números relativamente favoráveis de calotes.

"O aumento da cobertura vacinal e a redução dos casos de Covid-19 diminuíram as preocupações com os impactos da crise sanitária na atividade econômica. Os respondentes demonstram cautela em razão de riscos advindos da circulação de cepas do coronavírus mais resistentes às vacinas, da retirada de estímulos econômicos e da persistência do desemprego", relatou o documento.

O BC destacou ainda que "riscos fiscais" e "cenário internacional" continuaram muito citados pelos bancos. O primeiro está mais associado a um aumento de preocupações com eventuais políticas favoráveis à expansão fiscal, que impactem a sustentabilidade das contas públicas. O segundo está associado a possíveis ajustes monetários nas economias avançadas, que podem alterar custos e fluxos dos recursos para economias emergentes.

Segundo o relatório, a disposição dos bancos para tomar risco permanece baixa, mas com tendência de elevação. Ao mesmo tempo, as instituições financeiras consideram alta a alavancagem de famílias e empresas.

Empresas de capital aberto

O relatório do Banco Central afirma também que a recuperação econômica permitiu melhora da situação econômico-financeira das empresas de capital aberto. Além disso, o BC destaca que as companhias grandes voltaram ao mercado de capitais e as de pequeno porte, por sua vez, impulsionam o crédito bancário.

Segundo o BC, os indicadores econômico-financeiros das empresas de capital aberto estão melhores do que no período imediatamente anterior à pandemia de covid-19. Considerando o fluxo de recebimentos de todo o conjunto de empresas, a percepção de melhora é maior do que no fim de 2020, mas o BC pondera que os setores de "Mídia e Lazer" e "Telecomunicações" ainda não alcançaram o fluxo de recebimentos anterior à pandemia.

Em relação a grandes empresas, o REF destaca que houve expansão importante do financiamento no mercado de capitais, sobretudo devido às emissão de debêntures, concentradas em poucas companhias, e às aquisições de recebíveis por parte dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) ligados a grandes empresas.

Quanto às micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), por sua vez, o relatório afirma que o crédito bancário seguiu estimulado pela recuperação econômica e pela flexibilização do distanciamento social. "O crescimento foi expressivo, mesmo com o fim dos programas emergenciais. Espera-se nova expansão a partir do segundo semestre de 2021, com a retomada dos programas de incentivo."

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