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Atenta à eleição nos EUA, Bolsa fecha em alta de 1,97%

Os mercados globais reagiram de forma positiva aos sinais de que a Casa Branca tende a mudar de inquilino em 2021, com a saída de cena do "America First" em interlúdio de apenas um mandato e, mais do que isso, o retorno ao comando da maior economia do mun

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 04.11.2020, 18:43:00 Editado em 04.11.2020, 18:46:51
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Os mercados globais reagiram de forma positiva aos sinais de que a Casa Branca tende a mudar de inquilino em 2021, com a saída de cena do "America First" em interlúdio de apenas um mandato e, mais do que isso, o retorno ao comando da maior economia do mundo de um político tradicional, democrata de centro que pouco se movimentou em campanha eleitoral marcada por pandemia fora de controle e regressão da popularidade de quem surpreendeu em 2016 com a retórica antissistema. Assim, em Nova York os ganhos chegaram hoje a 3,85% no fechamento do Nasdaq enquanto, na B3, o Ibovespa encerrou em alta de 1,97%, aos 97.866,81 pontos, com máxima nesta quarta-feira a 98.296,35 pontos. Reforçado como ontem, o giro financeiro totalizou R$ 29,4 bilhões; na semana, o índice avança 4,17%.

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"A falta de uma diretriz clara quanto à pandemia contribuiu para reunir em Trump três características indesejáveis aos olhos do mercado: risco, incerteza e imprevisibilidade. Biden é, de certa forma, um retorno à normalidade. Tende a elevar impostos sem os exageros de Obama, colocando mais dinheiro na mão do consumidor e induzindo uma recuperação econômica pela demanda. No longo prazo, com a retomada da economia e da arrecadação, o orçamento vai se reequilibrando", aponta Rodrigo Franchini, sócio e head de produtos na Monte Bravo Investimentos. "Não teve onda azul, mas, salvo surpresa de última hora, parece que Biden vai ganhar mesmo: a vitória de quem jogou praticamente parado, enquanto Trump se enforcava."

"Sem a novidade de 2016 contra o sistema, Trump pouco conseguiu se diferenciar de Biden. É uma mudança positiva, na medida em que o republicano favoreceu o protecionismo, acirrou demais a disputa com a China e ao mesmo tempo se afastou da Europa, aliada tradicional. Biden deve reconstruir pontes, não deixando o Brasil fora disso. Mas o governo precisa fazer sua parte, ajustando atitudes, após ter transformado uma preferência pessoal (por Trump) em política de Estado", acrescenta o gestor.

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O fato de a onda azul não ter se materializado - sem que os democratas formem maioria tanto na Câmara como no Senado - é de certa forma positivo ao Brasil, na medida em que retira força da guinada ambientalista defendida pelo entorno de Biden e assumida pelo candidato democrata. "Ainda assim, não dá para desprezar a força da retórica, da liderança pela palavra, que Biden sem dúvida exercerá em matéria ambiental. Precisamos corrigir o rumo", observa Franchini, chamando atenção para a crescente força da sigla ESG (meio ambiente, social e governança) na formatação de fundos e instrumentos de investimento.

"Leva algum tempo para que a eleição de um presidente americano impacte um país como o Brasil, mas, caso se confirme a vitória de Biden, tende a pôr freio aqui à linha ambiental de Bolsonaro, e isso pode ser bom, considerando que o setor mais promissor aqui, o agronegócio, pode ser afetado no longo prazo pelo desrespeito ao meio ambiente", observa Eduardo Cavalheiro, sócio-gestor da Rio Verde Investimentos. "A alta das bolsas vista hoje foi uma celebração, em especial na Europa, onde o convívio dos governos com Trump estava muito difícil. Com Biden, mesmo em relação à China, deve haver uma recomposição, em atuação mais coordenada com o bloco ocidental", acrescenta o gestor.

Para Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora, eventual confirmação da vitória democrata pode envolver também efeitos adversos. "Pensando nas BDRs de tecnologia (Apple, Google, Amazon etc) caso Biden saia vencedor, o resultado pode ter repercussão negativa", na medida em que tais empresas "podem ser prejudicadas por uma possível regulação prometida pelo novo presidente".

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Não havendo breve definição do vencedor - cenário que se desenha com a inclinação de Trump a recorrer à Justiça como cartada final, além da possibilidade de recontagem em estados com margens muito estreitas -, a incerteza poderia se instalar por "semanas ou até meses". "Isso levaria a uma indefinição do resultado prolongada e, como sabemos, os mercados não gostam de indefinições", acrescenta o estrategista.

No entanto, o sentimento que prevalecia desde o início da apuração, do "too early to call", deu espaço a avanço democrata, embora menos intenso do que se chegou a prever - o que não chega a ser ruim. "Caso venha a se confirmar, não será uma vitória de lavada, com carta branca para o novo presidente fazer o que quiser. Questões como aumento de impostos continuarão a precisar passar por um Congresso dividido, sem maioria democrata em ambas as casas. Isso também foi celebrado hoje pelos mercados", diz Cavalheiro, da Rio Verde.

Nesta quarta-feira de celebração na B3, as perdas se concentraram no setor que havia sido o campeão do dia anterior: siderurgia. Após terem segurado a ponta positiva ontem, empresas como CSN e Gerdau PN fecharam hoje em queda, respectivamente, de 4,24% e 3,88%. No lado oposto, Cyrela subiu 7,27%, seguida por Lojas Renner (+6,96%) e B2W (+6,59%). Entre as commodities, Vale ON cedeu 2,78%, enquanto Petrobras PN e ON encerraram em alta de 0,36% e 0,46%, respectivamente. Entre os bancos, o desempenho também foi misto, com Itaú PN em alta de 3,99% e BB ON, de 0,73%, com Santander em baixa de 2,27% e Bradesco PN, de 0,72%.

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