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Arcabouço sólido pode levar a um processo desinflacionário mais benigno, diz BC na ata

Em um aceno ao Ministério da Fazenda, depois que foi criticado pelo comunicado que se seguiu à manutenção da Selic em 13,75% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) explicou que discutiu na semana passada os impactos do cenário fiscal sobre a infla

Eduardo Rodrigues e Célia Froufe (via Agência Estado)

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Escrito por Eduardo Rodrigues e Célia Froufe (via Agência Estado)
Publicado em 28.03.2023, 10:36:00 Editado em 28.03.2023, 10:43:47
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Em um aceno ao Ministério da Fazenda, depois que foi criticado pelo comunicado que se seguiu à manutenção da Selic em 13,75% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) explicou que discutiu na semana passada os impactos do cenário fiscal sobre a inflação. "O comitê destaca que a materialização de um cenário com um arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas, ao reduzir as expectativas de inflação, a incerteza na economia e o prêmio de risco associado aos ativos domésticos", pontuou na ata divulgada na manhã desta terça-feira, 28.

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O documento salientou que, nessa discussão, foi novamente enfatizado que o efeito líquido da condução da política fiscal sobre a inflação é muito dependente das condições macroeconômicas e financeiras vigentes.

Os integrantes do Copom fizeram também um afago ao ministro Fernando Haddad, dizendo que avaliam que o compromisso com a execução do pacote fiscal demonstrado pelo Ministério da Fazenda, e já identificado nas estatísticas fiscais e na reoneração dos combustíveis, atenua os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação no curto prazo.

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A ata ponderou, no entanto, que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a apresentação do arcabouço fiscal. Isso porque, enfatizou o documento, a convergência segue condicional à reação das expectativas de inflação, às projeções da dívida pública e aos preços de ativos.

O Copom afirmou, entretanto, que seguirá acompanhando o desenho, a tramitação e a implementação do arcabouço fiscal que será apresentado pelo governo e votado no Congresso.

Havia a expectativa de que o documento fosse conhecido na semana que vem, depois que uma comitiva presidencial, composta de vários ministros, parlamentares e empresários, voltasse de uma viagem à China.

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O deslocamento previsto para iniciar no final de semana passada, no entanto, foi suspenso por recomendação médica de que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que está com pneumonia e influenza A, não viajasse para se recuperar.

As apostas agora são de que a proposta possa ser conhecida ainda esta semana.

Debate sobre crédito

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O Copom ampliou na última reunião as discussões sobre as consequências de uma desaceleração dos empréstimos, conforme informou a ata do encontro. "Não houve grande alteração no cenário prospectivo do hiato do produto, mas um maior debate sobre os efeitos na atividade econômica de uma possível contração de crédito mais intensa que a projetada", trouxe o documento.

O colegiado ressaltou que o comitê iniciou seu debate avaliando se a estratégia traçada anteriormente de juros estáveis seria suficiente para a convergência da inflação para suas metas. Para isso, o colegiado manteve o processo de analisar os principais determinantes da trajetória de inflação e como eles se comportaram no período mais recente.

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"Com relação à inflação de serviços e aos núcleos de inflação, observa-se maior resiliência e menor velocidade da desinflação nas últimas divulgações, em linha com o processo não linear que o Comitê já antecipava", explicaram os membros do colegiado. "Além disso, as expectativas de inflação seguiram um processo de desancoragem, em parte relacionado ao questionamento sobre uma possível alteração das metas de inflação futuras", continuaram.

Volta do horizonte usual

A ata enfatizou também que o comitê optou por novamente dar ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente em suas projeções, mas antecipou que, para o próximo trimestre voltará a utilizar o horizonte usual, referente aos anos-calendário.

Isso porque, lembrou o documento, o horizonte de seis trimestres à frente coincidirá com o ano-calendário de 2024, não havendo assim mais efeito direto decorrente das mudanças tributárias no horizonte usual.

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