Após uma queda acentuada em 2022 (78%), os investimentos chineses no Brasil chegaram a US$ 1,73 bilhão em 2023, um crescimento de 33% em relação ao ano anterior. O cálculo foi feito pelo Centro Empresarial Brasil-China (CEBC) e está detalhado no Relatório "Investimentos Chineses no Brasil - Novas Tendências em Energias Verdes e Parcerias Sustentáveis 2023".
Conforme o documento, o aumento dos aportes chineses no País ocorreu apesar da queda de 17% nos investimentos estrangeiros de forma geral no Brasil. Mesmo com a retomada, o valor segue em nível historicamente baixo, sendo o segundo menor desde 2009. No ano passado, o número de projetos de empreendimentos chineses no Brasil ficou em 29, o terceiro maior desde 2007 - mas inferior ao de 2022.
O que ajuda a explicar os volumes mais amenos nos últimos anos, de acordo com o diretor de conteúdo e pesquisa do CEBC, Tulio Cariello, é o fator cambial, com a desvalorização do real. "Se a desvalorização ocorre sem muita volatilidade, de forma relativamente estável, pode até ser algo positivo porque se torna um fator de atração de investimento e que ajuda o Brasil a se tornar um hub de atração de capitais para a América Latina." O documento aponta que a média do valor do real de 2020 a 2023 foi de R$ 5,18, quase o triplo da média verificada em 2010, ano em que os investimentos chineses no Brasil somaram US$ 13 bilhões.
O levantamento revela que, em 2017, entre os 10 principais destinos de empreendimentos chineses, apenas três eram países em desenvolvimento. O cenário foi totalmente distinto em 2023, quando os emergentes ocuparam nove das 10 posições, com a Indonésia na liderança e o Brasil em nono lugar. O estoque de investimentos do gigante asiático no mundo segue concentrado nos Estados Unidos.
O Brasil continua sendo o principal receptor de investimentos chineses na América Latina em termos de estoque - tendo absorvido 39% do total aportado desde 2003 -, mas sua liderança tem sido contestada nos últimos anos. Entre 2018 e 2023, o fluxo dos investimentos chineses na região vem sendo direcionado de forma mais intensa a outros países - em especial Chile, Peru e México -, onde as empresas chinesas têm investido em grandes projetos de infraestrutura, manufaturas de alto padrão e mineração - sobretudo na extração de lítio e outros minerais críticos. "No México, estão fazendo uma coisa muito interessante, buscando produzir localmente no país, para poder exportar para os Estados Unidos sem as tarifas que passaram a ser cobradas para os produtos chineses", salientou o diretor.
O Brasil já recebeu mais recursos no passado também, conforme Cariello, porque houve uma fase em que os investimentos eram em projetos mais intensivos de capital, como linhas de transmissão, ferrovias e portos, por exemplo. Agora, tratam-se de empreendimentos menores e com necessidades de investimentos menos pesadas.
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