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Após tocar R$ 5,70, dólar desacelera e fecha a R$ 5,6648, alta de 0,20%

Após tocar R$ 5,70 no início da tarde, o dólar à vista perdeu fôlego na última hora de negócios e encerrou o dia cotado a R$ 5,6648, avanço de 0,20%. Foi a terceira sessão consecutiva de alta da divisa, que já acumula valorização de 1,37% nos dois primeir

Antonio Perez (via Agência Estado)

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Escrito por Antonio Perez (via Agência Estado)
Publicado em 02.07.2024, 17:51:00 Editado em 02.07.2024, 17:57:30
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Após tocar R$ 5,70 no início da tarde, o dólar à vista perdeu fôlego na última hora de negócios e encerrou o dia cotado a R$ 5,6648, avanço de 0,20%. Foi a terceira sessão consecutiva de alta da divisa, que já acumula valorização de 1,37% nos dois primeiros pregões de julho, o que leva os ganhos no ano a 16,72%. O real é a moeda que mais perde em relação ao dólar em 2024.

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A diminuição da alta do dólar por aqui se deu em meio a um aprofundamento das perdas da moeda americana no exterior e a rumores de que o Banco Central teria consultado tesourarias para uma eventual intervenção no câmbio, com oferta de swaps ou até mesmo moeda à vista. A maioria dos analistas afirma que não é o momento de o BC intervir, uma vez que não haveria "disfuncionalidade" no mercado, mas apenas uma alta mudança de nível de taxa de câmbio provocada por aumento da percepção de risco.

O mercado de câmbio local teve novos picos de estresse hoje com mais uma rodada de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a quem atribuiu "viés político". Lula classificou a depreciação recente do real como "um ataque especulativo" e convocou uma reunião amanhã para tratar do tema, argumentando que é preciso "fazer alguma coisa".

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Foi senha para que surgissem especulações sobre possíveis medidas do governo para tentar frear a alta do dólar. Em artigo publicado hoje no Valor Econômico, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, de perfil heterodoxo e interlocutor de Lula, defendeu controle de capitais e criticou quem atribui o tombo do real à percepção de piora fiscal.

Ainda pela manhã, ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que não há nada que o governo planeje fazer no sentido de conter o dólar além de "acertar a comunicação" sobre a autonomia do Banco Central e a "rigidez" do arcabouço fiscal. As declarações do ministro vieram após questionamento sobre eventual ação do governo, como alteração no IOF cobrado em operações de câmbio.

As máximas do dólar no início da tarde coincidiram com declarações da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. No X (antigo Twitter), Gleisi disse que o "bolsonaristas Campos Neto" estaria aplaudindo um suposto ataque especulativo ao real "que ele mesmo desencadeou" ao falar de questões fiscais. "Mais um dia de ataque especulativo ao real e o BC segue de braços cruzados, sem fazer as operações de compra e swap necessárias nesse momento. Irresponsáveis!, escreveu Gleisi.

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Em painel em fórum realizado pelo Banco Central Europeu (BCE), Campos Neto disse, pela manhã, que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de interromper o ciclo de queda da Selic foi motivada mais por ruídos do que por fundamentos econômicos. Ele citou incertezas relacionadas à sucessão no Banco Central, que mexe com as expectativas para a política monetária, e o risco fiscal.

O superintendente da Mesa de Derivativos do banco BS2, Ricardo Chiumento, afirma que os investidores, em especial os estrangeiros, estão muito sensíveis à possibilidade de deterioração do quadro fiscal e à troca de comando do BC, que traz o temor de algum grau de perda de autonomia da política monetária.

"O dólar está forte no mundo neste ano. Mas o real é a moeda mais depreciada no acumulado no ano porque as críticas do governo ao Banco Central estão afugentando investidores", afirma Chiumento, lembrando que hoje a moeda americana caiu lá fora após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, adotar um tom mais ameno em relação aos juros. "Mas o real continuou perdendo força com as críticas da presidente do PT ao BC. O mercado tem a memória de intervenções de Mantega (Guido Mantega, ex- ministro da Fazenda) em 2013 e 2014 com mudança no IOF para tentar segurar a valorização do dólar", afirma.

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A última vez em que o Banco Central interveio no mercado cambial foi em 2 de abril, com a venda de US$ 1 bilhão em swaps cambiais extras, com a justificativa de amenizar o efeito do vencimento de NTN-As (títulos públicos indexados à taxa de câmbio) sobre a dinâmica do mercado. De lá para cá, o presidente do BC disse em várias ocasiões que a autoridade atua apenas para evitar disfuncionalidades no mercado cambial.

Analistas ouvidos pelo Broadcast afirmam que, além de uma baixa mais expressiva da moeda americana no exterior a partir de dados mais fracos de emprego e inflação nos EUA, apenas um sinal mais forte de compromisso com o arcabouço fiscal e o fim dos ataques de Lula ao BC podem dar algum fôlego ao real.

Segundo a "Coluna do Estadão", do jornalista Eduardo Gayer, aliados do presidente tem pedido que o governo antecipe a indicação do substituto de Campos Neto para tentar diminuir a tensão nos mercados. Do lado fiscal, fontes ouvidas hoje pelo Broadcast afirmam que a equipe econômica ainda tem e aberto o total de recursos que podem ser bloqueados enquanto aguarda a divulgação, no próximo dia 22, do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas. Por ora, especula-se com um bloqueio em torno de R$ 10 bilhões.

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