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Após dois dias de queda, dólar sobe com exterior negativo e fiscal

Após duas sessões de baixa firme, o dólar à vista avançou no pregão desta quinta-feira, 9, flertando novamente com o patamar de 5,60, em meio a uma onda global de fortalecimento da moeda americana. Renovadas preocupações com a variante ômicron do coronaví

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 09.12.2021, 18:38:00 Editado em 09.12.2021, 20:31:21
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Após duas sessões de baixa firme, o dólar à vista avançou no pregão desta quinta-feira, 9, flertando novamente com o patamar de 5,60, em meio a uma onda global de fortalecimento da moeda americana. Renovadas preocupações com a variante ômicron do coronavírus e uma postura cautelosa na véspera da divulgação do índice de inflação ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos - que pode reforçar a perspectiva de antecipação da alta dos juros americanos - castigaram as divisas emergentes.

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Não bastassem os ventos externos desfavoráveis, o real sofreu também com temores de que o governo pise ainda mais no acelerador dos gastos em 2022, após o presidente Jair Bolsonaro acenar, em entrevista ontem à noite, com aumento do salário de servidores públicos. "Reajuste seria de 3%, 4%, 5%, 2%, que seja de 1%", disse Bolsonaro. "Servidor, em grande parte, merece isso", completou. Parte do alívio com a promulgação parcial da PEC dos Precatórios também foi ofuscado pela falta de comprometimento da Câmara dos Deputados em vincular espaço fiscal aberto com a proposta a gastos sociais e previdenciários - o que pode abrir uma janela para novas medidas populistas.

Essa conjunção de fatores negativos, aliada a demanda de importadores por divisa estrangeira e ajustes técnicos de tesourarias, acabou se sobrepondo ao efeito que a alta da taxa Selic anunciada ontem à noite pelo Copom, de 7,75% para 9,25%, e a perspectiva de um aperto monetário ainda mais pronunciado poderiam ter sobre a formação da taxa de câmbio.

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Pela manhã, o dólar à vista até chegou a ensaiar um movimento de queda, rompendo a barreira de R$ 5,52 e descendo até a mínima a R$ 5,5187 (-0,29%), ecoando o aumento da atratividade da renda fixa brasileira por conta da escalada da taxa Selic. O fortalecimento do real teve vida curta e, ainda pela manhã, o dólar já se fixava em terreno positivo por aqui, alinhando-se ao comportamento externo. A liquidez reduzida, com giro inferior a US$ 10 bilhões no contrato de dólar futuro para janeiro, contribui para que operações pontuais tenham impacto maior na dinâmica do câmbio.

Com aceleração dos ganhos ao longo da tarde, a taxa quase tocou no patamar de 5,60, registrando máxima a R$ 5,5992 (+1,16%). No fim do dia, a moeda era cotada a R$ 5,5738, em alta de 0,70%. Apesar do avanço hoje, o dólar ainda acumula desvalorização de 1,87% nesta semana, depois de ter subido 1,50% na semana passada.

No exterior, o índice DXY - termômetro do desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - operou em alta firme da linha dos 96,200 pontos, sobretudo por conta dos ganhos da moeda americana frente ao euro. O dólar avançou em bloco na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com o rand sul-africano, o real e o peso chileno sendo os mais prejudicados.

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Parte da alta do dólar lá fora se deve também à sinais reiterados de robustez da economia americana. Pela manhã, o mercado absorveu a informação de que o número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos teve redução de 42 mil na semana encerrada em 4 de dezembro, para 184 mil, abaixo da expectativa de analistas, que previam 211 mil. Também foi divulgado que o estoques no atacado nos EUA tiveram alta de 2,3% em outubro ante setembro, acima do esperado (2,2%).

O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, atribui a fraqueza do real nesta quinta-feira, sobretudo, a uma onda global de aversão ao risco. Ele chama a atenção para as incertezas com a evolução da ômicron, dado o aumento de casos na Europa, e para a percepção de que o Federal Reserve vai mudar sua postura. "Tudo isso gera essa pressão internacional sobre as moedas emergentes, com o dólar 'bull' (em tendência de alta) no mundo", diz Lima, acrescentando que os mercados "estavam também tecnicamente esticados".

O comitê de política monetária do BC americano reúne-se na semana que vem (dias 14 e 15) e, a julgar pelas declarações recentes do presidente do Fed, Jerome Powell, vai haver uma aceleração do ritmo de redução de estímulos (tapering) - tido como pré-requisito para uma alta dos juros nos EUA ainda no primeiro semestre de 2022.

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Em relação ao Copom, o economista-chefe da Western ressalta que o BC surpreendeu ontem ao falar de forma mais dura, enfatizando a busca pela ancoragem das expectativas, para evitar que o processo inflacionário se perpetue. O BC não apenas sinalizou com aperto monetário mais forte como deixou claro que a taxa Selic só voltará a ser reduzida quando "ele tiver certeza de que ganhou a batalha das expectativas".

A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, também vê o ambiente externo de aversão ao risco e a expectativa pelos dados de inflação nos EUA como os principais indutores da alta do dólar hoje. "O mercado espera mais pressão inflacionária por lá e, por isso, alguma reação do Fed sobre aumento da taxa de juros", diz.

Quartaroli pondera, contudo, que parte da depreciação do real hoje, apesar da elevação da taxa Selic e o tom mais duro do comunicado do Banco Central, está relacionada a temores fiscais. "Um dos motivos da alta do dólar é a preocupação local com discurso das autoridades batendo na tecla sobre reajuste do salário mínimo e dos servidores. Ou seja, mercado precificando risco de mais medidas populistas por conta das eleições de 2022", afirma.

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