O Ibovespa cai nesta quarta-feira, 22, mas reduziu o ritmo de baixa há pouco, assim que as bolsas em Nova York começaram o pregão em baixa moderada, mirando alta. Apesar disto, o índice Bovespa segue na faixa dos 100 mil pontos, após alcançar máxima dos 101.202,92 pontos, em alta de 0,20%, mais cedo.
"Precisa afastar o perigo de perder o nível dos 100 mil pontos sob pena de cair mais", avalia em comentário matinal o economista Álvaro Bandeira. "Mas os ruídos políticos e o arcabouço fiscal interferem bastante nos comportamento dos mercados de risco", completa Bandeira.
O sinal moderado das bolsas reflete a espera dos investidores pelas decisões de política monetária (início da noite) no Brasil e nos Estados Unidos (15 horas). Além disso, cita o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, as commodities estão fracas, em queda, o que tira "qualquer força" das ações da Vale e da Petrobras. Os papéis têm recuo perto de 1% e de 0,35%, respectivamente, às 11h11.
O Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a Selic no atual nível, mas podendo indicar alguma mudança no comunicado. Já o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) deve elevar os juros em 0,25 ponto porcentual. A grande expectativa é pela entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell (15h30).
Quanto ao Fed, diz Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, o grande ponto é que ninguém sabe a direção dos juros. Segundo ele, mesmo que a autoridade monetária suba as taxas em 0,25 ponto porcentual hoje, a grande dúvida é como será a postura de Powell daqui para frente. "E o Fed virou incógnita depois da questão dos bancos quebra de 2 bancos nos EUA e o mercado americano não sabe trabalhar com os juros altos, desde as empresas até a ponta final do consumidor. Independentemente de 0,25 hoje, qual será a direção?", questiona. "Ninguém está posicionado de forma firme", acrescenta Velloni.
Sobre o Copom, o economista da Frente Corretora chama a atenção para os preços elevados em serviços, o que deixa o BC "engessado" de fazer qualquer mudança para baixo na Selic. "Claro que sofre pressão política, mas levando o histórico do Copom acho difícil manter a taxa no atual nível. Não vejo espaço para corte de juros se essa toada continuar pressão inflacionária", avalia Velloni.
Além disso, segue no radar, a apresentação das novas regras fiscais, esperada para esta semana, ficou para abril, à medida que o governo pretende elevar gastos com Saúde e Educação.
Ao mesmo tempo, o mercado avalia a escolha do presidente Lula de dois nomes para a diretoria do BC. Informações da jornalista do G1 e da GloboNews Ana Flor são de que a Política Monetária ficará com Rodolfo Fróes, que trabalhou no Fator e no BofA, e a de Fiscalização com Rodrigo Monteiro, servidor de carreira da instituição.
Na visão do economista André Perfeito, as escolhas devem agradar ao mercado, pois é questão "crucial para ancoragem das expectativas", avalia em nota.
Laatus avalia que os escolhidos são nomes técnicos, indicados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o aval de Roberto Campos Neto (presidente do BC). "O mercado gostou sim, só que os juros futuros se ajustam à possibilidade de o BC não sinalizar cortes da Selic e com expectativa no exterior em relação ao Fed", explica.
Às 11h21, o Ibovespa caía 0,21%, aos 100.787,10 pontos, após ceder 0,67%, com mínima aos 100.318,84 pontos, após abertura aos 100.997,54 pontos e máxima a 101.202,92 pontos, em alta de 0,20%. Em Nova York, as bolsas testavam alta. Aqui, as ações da Petrobras caíam 0,85% (PN) e 0,76% (ON), enquanto Vale perdia 0,36%, após recuo de 2,15% do minério de ferro em Dalian, na China. Já o petróleo tinha declínio de 0,56% nos EUA e de 0,49% em Londres.
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